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FUTEBOL FEIO

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Para os que me acham ranzinza vou logo avisando que hoje estou bem pior. Assistir ao Palmeiras, dos Felipões Melo e Scolari, ser campeão brasileiro, no Rio de Janeiro, com gol do Deyverson é dose para leão! Quem verdadeiramente entende de futebol sabe que o Palmeiras é um time feio. Mas nas mesas redondas só ouvem-se elogios ao treinador do 10×1 e alguns ainda acham que ele deve voltar à seleção. A única vantagem disso seria a saída do Tite, Kkkkk!!!!

Peraí, não existe na CBF algum programa de demissão voluntária ou de aposentadoria premiada? Já deu!!! O Dudu é o único que se salva, a única mente criativa. Mas, assim como o Paquetá, deve controlar os chiliques. Dudu e Nico Lopez são as boas surpresas do Brasileirão.

O Palmeiras, repito, é feio! Basta comparar as escalações do campeão de 2018 com os vencedores de 1972, Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo, Zeca, Dudu, Ademir da Guia, Edu, Leivinha e Madurga, e de 1993, Sérgio, Gil Baiano, Antônio Carlos, Cléber, Roberto Carlos, César Sampaio, Mazinho, Zinho, Edílson, Edmundo e Evair. É a maior prova de nossa decadência!

Vejo Flu e Vasco indo para a última rodada brigando contra o rebaixamento. Quando joguei na Máquina era Renato, Carlos Alberto, Miguel, Edinho, Rodrigues Neto, Pintinho, eu, Rivellino, Gil, Doval e Dirceu. E no Vasco? Mazzaropi, Orlando, Ivan, Léo e Marco Antônio, Pintinho, eu e Guina, Wilsinho, Roberto e Silvinho ou Marquinhos. Vou falar alto: ISSO NÃO É SAUDOSISMO!!!!!!!!!!!!!!! Isso é a prova concreta de que algo de muito errado vem acontecendo e todos se calam. Não posso ficar feliz de ver os jogadores fazendo gol, tirando a camisa e exibindo esses sutiãs!!! Me disseram que é GPS para mapear se o jogador está correndo certo e quantos quilômetros. Meu Deus, alguém está ganhando com isso!


A imprensa nunca se preocupou em checar quem é o dono, se a CBF tem participação, essas coisas? Até o Deyverson, que estava na reserva, usou!!! Sério que alguém precisa monitorar o Deyverson??? Quanto gastam por mês com isso? Todos tiram a camisa durante a comemoração e esses sutiãs por baixo, o que isso nos acrescenta?

Meu abdômen tinha o apelido de barra de chocolate e nunca o exibi após os gols, Kkkkl!!! Mas na praia fazia sucesso! E ainda tem esse spray milagroso e esse outro que usam para sinalizar onde a barreira deve ficar. Investiguem quem está ganhando com isso!!! Essa máfia deve ser freada!


Vejam a Conmebol, que escândalo!!! Tanto fizeram e conseguiram levar dois times argentinos para a final. Para quê??? Para mostrarem ao mundo como são incompetentes? Estão brincando conosco! Ah, também tem essa onda de todos falarem tapando a boca com a mão, como se tivessem algo muito espetacular a ser dito. Que segredos são esses?

Vai uma sugestão do Caju: ao invés de taparem a boca joguem com um biombo na frente para nos pouparem de ver esse futebolzinho de quinta categoria que nos enfiam goela abaixo. 

CANTO DO RIO HOMENAGEIA ATLETAS DO PASSADO

Fotos: Sérgio Bastos


Marquinhos Pereira, presidente Rodney Melo e Hipólito Chillinque

Dono de uma linda história com o esporte, o Canto do Rio homenageou no último domingo (25), 19 craques do passado que fazem parte da história de ouro do clube. O evento foi alusivo aos festejos de 105 anos do Cantusca e fechou em grande estilo o mês de aniversário do clube.

No futebol foram homenageados os craques Hipólito, Nélio, Nogueira, Waltinho, Clóvis, Waldyr e Mauro Bittencourt (in memórian), o grande Maurão, pai da nossa parceira Andreia Bittencourt! As feras jogaram na época de ouro do Cantusca e o destaque era o craque Hipólito, conhecido como lança dourada, que jogou entre 1962 e 1963. Em 1964, o goleador foi para o Flamengo em uma negociação dos clubes juntamente com os jogadores Fefeu e Franz. Parte do valor da venda dos atletas foi usada para dar início a construção da atual sede social do Canto do Rio.


Homenagem a Mauro Bittencourt

O técnico Marquinhos Pereira, que defendeu o clube como jogador na década de 90, também foi lembrado no evento. No futsal foram homenageados o goleiro tetracampeão Tissa e o ex-jogador bicampeão adulto João Teixeira. No basquete foram homenageadas as campeãs cariocas Vanda Sampaio, Cyntia Maria e Kátia Regina (in memorian).

Os campeões sul-americanos Robert Voss e Marcus Vinícius Magalhães também não foram esquecidos. Marcus coleciona inúmeros títulos entre 1973 e 1980, período em que defendeu o Canto do Rio nas piscinas do estado. Robert começou muito jovem no clube, na década de 70, e além de títulos Sul-americano e Brasileiro, joga até hoje no máster da Seleção Brasileira.


Presidente Rodney Melo e vice de esportes Alexandre Sampaio

Ainda dentro dos esportes aquáticos o clube homenageou os campeões brasileiros Maurício Ennes e Luis Carlos Campos Pedrosa. Maurício nadou pelo Canto do Rio de 1970 a 1980. O craque reúne ao todo 383 medalhas de natação, incluindo a mais importante conquistada no revezamento sul-americano de nado livre.

Já no voleibol foram condecorados o pentacampeão estadual José Maurício Sarmento e a campeão brasileira e sul-americana Renata Palmier. Renata foi campeã carioca mirim em 1978 pelo Cantusca. A atleta tem no currículo títulos importantes como o Brasileiro, o Carioca e o Sul-americano de Vôlei. Atualmente, compõe a equipe feminina Master do Canto do Rio que foi ouro no Brasileiro em 2016 e prata em 2017 e 2018.

GAME OVER

por Mateus Ribeiro


Eu estava empolgado para acompanhar a final da Libertadores 2018. Aposto que você também estava. Porém, a partida foi adiada duas vezes, por conta de problemas com a segurança. E pra ser bem sincero e direto: a final deveria acabar no sábado, sem a realização da partida de volta.

É claro que eu amo futebol, e gostaria de acompanhar uma final entre River Plate e Boca Juniors, da mesma forma que gostaria de ver um Corinthians e Palmeiras, um Peñarol e Nacional, ou qualquer grande clássico. Contudo, no ano de 2018, precisamos relembrar que uma partida de futebol é disputada por seres humanos. Sim, seres humanos iguais eu e você. Acreditem ou não, esses caras que endeusamos (e detonamos) também possuem famílias, também respiram, também precisam pagar contas, e tudo o mais. Dentre todas as coisas que temos em comum, vale ressaltar uma: o direito à segurança. E parece que esse direito foi ferido no último sábado.

Acontece que o estrago foi grande, a ressaca maior ainda. A chance da partida não acontecer no domingo era grande. E para o bem de todos, não aconteceu.

A Conmebol prometeu definir uma nova data para a reunião hoje. Eu não tenho ideia do resultado dessa reunião. A hora que você estiver lendo este texto, talvez os mandatários já tenham decidido o que fazer. De qualquer forma, eu coloco a minha mão no fogo que irão remarcar o jogo em uma nova data. Ou você acha que nossa estimada e sempre transparente confederação iria deixar para trás o investimento gigantesco dos patrocinadores, ou todo o espetáculo que a transmissão dessa partida poderia gerar? Pensando mais longe, você acha que em algum momento, os chefes dessa baderna irão pensar no perigo que os jogadores do Boca Juniors passaram?


Para tentar clarear a cabeça daqueles que não conseguem sentir o tamanho do problema, vamos fazer alguns exercícios de reflexão rápidos:

1 – Imagine se o ônibus perde o controle, naquele local extremamente movimentado?

2 – Tente imaginar se o Boca Juniors vence a partida, como seria o comportamento de PARTE da torcida presente no estádio.

3 – Como o trio de arbitragem iria se comportar? (lembrando que a turma do apito é composta por seres humanos).

4- Tente se colocar na pele de qualquer jogador do Boca Juniors depois do incidente.

5 – Caso seja muito difícil, tente imaginar que qualquer cara dentro daquele busão fosse um parente ou amigo seu;

6 – Esqueça esse papo de rivalidade. Lembre-se que a grande maioria dos jogadores são amigos, além de companheiros de profissão. Você realmente acha que os jogadores do River Plate conseguiriam jogar naquelas condições?

7 – Grande parte dos torcedores do River não compactua com tamanha selvageria. Como esse pessoal se sentiria durante a partida?


Creio que depois disso, fique um pouco mais fácil de entender que não há razão para a partida ser disputada. Eu não entendo nada de direito desportivo, mas em 2015, quando os times se enfrentaram, atos de selvageria aconteceram na Bombonera, o que causou a eliminação do Boca Juniors. Sim, eu sei que o Boca não cumpriu a sua pena inicial, e que teoricamente, nem deveria estar disputando essa edição da Libertadores. Porém, cabe lembrar que o River Plate teve os casos de jogador irregular (o que praticamente eliminou o Santos), além de Gallardo infringindo o regulamento.

“Ah, mas é final”. E DAÍ? Existem vidas que já correram riscos, e não precisam se arriscar mais. Que se encerre a final. Que se elimine o River. Que o Boca seja o campeão de um torneio que todos saíram perdendo.  É preferível perder um jogo do que acompanhar um velório, não é?

O que fica registrado, no final de tudo, é que a Conmebol perdeu uma bela oportunidade de mostrar o mínimo de respeito por quem realmente faz e acompanha o espetáculo.

HISTÓRIAS DE FUTEBOL (E DE VIDA)

por Claudio Lovato 


Foi isto o que o destino me reservou: ser o cara que apaga a luz e tranca a porta.

O último a sair.

O coveiro.

Meu pai foi presidente deste clube duas vezes. Com ele, este clube deixou a obscuridade e permitiu que seus torcedores sonhassem.

Mas os que vieram depois do meu velho não souberam manter a chama alta. Não conseguiram sequer mantê-la acesa.

Então, me chamaram, e eu – o idiota presunçoso – não consegui dizer não. Quis honrar a obra do meu pai, dar sequência ao que ele fez. Mas quem sou eu?

Eu sou apenas o cara que vai apagar a luz, trancar a porta e jogar a chave fora.

O último funcionário do campo da morte.

Foi o que o destino me reservou.

Vou entrar para a história como o cara que não conseguiu.

Acabou. 

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Os dois homens estão sentados lado a lado na arquibancada do velho estádio. Acabaram de ver seu time perder mais uma.

O homem mais jovem aponta para um torcedor que está alguns degraus abaixo, rasgando a bandeira do clube. Um companheiro se aproxima dele e o impede de completar o que estava fazendo.

O homem mais velho diz ao mais jovem:

– Um daqueles dois apenas perdeu; o outro foi derrotado.

O mais jovem pergunta:

– Quando sabemos se perdemos ou se fomos derrotados?

 – Quando temos dúvida entre uma coisa e outra, então fomos derrotados! – o mais velho então diz.

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Eles se casaram quando ele tinha 23 anos e ainda disputava a titularidade no time pelo qual, menos de dois anos depois, se sagraria campeão continental.

Conheciam-se desde a infância, vizinhos no bairro onde nasceram e onde seus pais nasceram e onde os pais de seus pais nasceram.

Ela disse:

– Vou com você aonde tiver que ir. Vou estar sempre ao seu lado.

E ele respondeu:

– Não tem nada mais importante pra mim.


Hoje, exatos 30 anos depois, estão comemorando o aniversário de casamento jantando no restaurante preferido deles.

Ele não conseguiu abandonar o futebol. Em suas palavras, ajuda “uns garotos que estão começando”. Não gosta de ser chamado de empresário. Não se vê como tal. Quer ajudar os garotos do mesmo jeito que um dia foi ajudado, de um jeito que fez toda a diferença.

E ela… Ela continua com o mesmo brilho no olhar, e a mesma sabedoria serena que ao longo do tempo assegurou que a vida deles, apesar dos percalços inevitáveis a qualquer habitante deste planeta – solteiro ou casado -, fosse essencialmente aquilo que eles sempre quiseram que fosse.

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Foto: Ricardo Chaves/Agencia RBS

Manoelzinho sabe sonhar.

Tem 12 anos e quer ser jogador de futebol.

Manoelzinho é filho de Etevaldo e Vera. São três filhos. Manoelzinho é o mais novo, temporão. Carmen Lúcia e Gilson, os mais velhos.

Os irmãos, volta e meia, trazem para casa algum presente para ele. Sempre alguma coisa relacionada ao futebol: um chaveiro, uma revista, um adesivo, uma caneta.

Manoelzinho sempre fica muito feliz quando recebe um presente desses, e então sonha mais alto e mais forte.

Então se vê mandando uma bola, de canhota – sempre de canhota! – lá na rede, no contrapé do goleiro. E se vê correndo para a torcida, que o adora como a nenhum outro antes ou depois.

Manoelzinho é rei em seu quarto, seu quarto que é seu estádio, e ele, sequer por um segundo, deixa que seu problema – “distrofia”, palavra que ele ouviu seus pais repetirem aos sussurros mais de uma vez -, atrapalhe as coisas. Não mesmo.

Porque ele aprendeu que não existe a menor chance de alguém ser feliz nesta vida sem sonhar.

Ele aprendeu que sonhar é o que leva à liberdade, ao tipo de liberdade que mais interessa.

DEZ VEZES VERDES E UM PORRE REDENTOR

por Marcelo Mendez


De tudo que posso lembrar-me do domingo, a última coisa que disse antes de entrar em estado delicioso de torpor etílico foi: “Deyverson, eu te amo”.

Assim como tantas outras vezes eu disse que o odeio, que o detesto, que não joga nada, que é maluco, que é grosso e caneleiro. Mas daí vem o titulo do Palmeiras do Brasileirão em 2018 e nada do que foi dito importa.

Só vale então o que se sente.

Um titulo do Palmeiras para mim tem o gosto do picolé da Yopa que meu pai comprava para mim na frente do Parque Antártica, lá pelos anos 70. Tem o cheiro daquela chapa de pernil, pronta pra preparar os mais deliciosos lanches que já comi. Tem a velocidade do carro do meu saudoso Tio Bida, a nos levar para embates épicos pelas arquibancadas de São Paulo ao longo da vida.


Vale muito.

Vale minha busca intrínseca pelo riso do rosto de vocês, meus iguais Palmeirenses, vale pelo meu ofício de cronista, de procurar a mínima centelha de faísca para através dela, incendiar o coração de vocês, para criar uma labareda de encantos, em meio a esse mundo duro e frio que insiste em se fazer presente.

As melhores vezes que consegui isso foram através do Palmeiras.


Portanto agora, as 05h27min da manhã da segunda, vestido de verde e tomando café numa padaria do Parque Novo Oratório, eu saúdo a todos vocês que assim como eu, deram um tempo na chatice da razão critica, da razão pura e simples e de todas as lógicas que se impõe no dia a dia nosso.

Já, já a gente volta às responsabilidades.

Agora comemora Palmeirense.

Comemora que a gente merece.