Escolha uma Página

CLUBE EMPRESA

texto: Wesley Machado | fotos: Agência Check


O Club de Deportes Cobreloa, do Chile, é famoso por ter sido o time que fez a final da Libertadores de 1981 vencida pelo Flamengo. Mas o Cobreloa do Chile não é só isto. Os Zorros do Deserto, como são chamados, já revelaram grandes jogadores para o futebol mundial, como Alexis Sánches, Eduardo Vargas e Charles Aránguiz.

E em Campos dos Goytacazes-RJ existe um núcleo do Cobreloa do Chile. O Centro de Treinamento do Cobreloa Campos funciona no estádio do Municipal, no bairro do Capão. O Cobreloa Escola Brasil conta com uma grande estrutura, incluindo alojamento de concentração para atletas no bairro do IPS, academia, caixa de areia para trabalho funcional, fisioterapeuta, osteopata, preparador físico, nutricionista e quatro treinadores.

O Cobreloa Brasil Escola em Campos é uma parceria das empresas Vandi G6, Neto Sports e da Escola de Goleiro Construindo Paredões. O Cobreloa Brasil Escola em Campos tem um perfil de clube empresa e tem o objetivo de formar atletas.

– Recebemos recentemente a visita do vice presidente do Cobreloa do Chile, Adrian León. Somos um clube intermediário credenciado junto à FERJ e à CBF. Já temos muitos contatos Brasil afora. Temos uma parceria com o empresário Rodrigo Pitta. Já temos atletas no Sub 20 do Cobreloa do Chile, no Sub 17 e Sub 13 do Cruzeiro, no Sub 16 do Vasco e no Sub 12 do Botafogo – informou Neto, empresário do Cobreloa Escola Brasil em Campos.

O Cobreloa Brasil Escola em Campos foi fundado em maio de 2018 a partir da passagem do empresário Vandinho pelo time chileno de 2015 a 2017. 

– Meu sonho era criar esta escola de futebolpara dar oportunidades que eu não tive como atleta quando jovem! – comentou Vandinho.


A esposa de Vandinho, Eveline Pessanha, é a coordenadora geral do Cobreloa Brasil Escola em Campos. Ela fala sobre o trabalho que é desenvolvido no clube empresa.

– Atualmente temos cerca de 150 atletas. Nós aqui oferecemos toda a estrutura para o atleta, coisas que muitos craques do passado não tiveram, desde alojamento, passando por material esportivo, até a parte social, onde acompanhamos o desenvolvimento do atleta. Hoje nós temos a chance de acompanhar a evolução do futebol, onde o atleta não precisa estar num clube propriamente dito para este atleta ser revelado. Os clubes tradicionais não querem ter o trabalho de desenvolver o atleta, já o querem pronto. Mas nós aqui trabalhamos o atleta. Quem tiver interesse em fazer uma avaliação no Cobreloa deve procurar a secretaria no estádio Municipal – informou Eveline.

Um desses atletas trabalhados no Cobreloa Brasil Escola em Campos foi o meia atacante Rayan, de 14 anos, que foi descoberto jogando bola na rua e não chegou a fazer as categorias de base. Rayan foi o destaque do treino da equipe Sub 15 do Cobreloa Escola Brasil em Campos na tarde desta quarta-feira. Ele fez três gols e mostrou muito talento.

– O Cobreloa me ajudou a desenvolver meu futebol. Passei a ter mais vontade de jogar. Quando entro em campo tento esquecer todos os problemas. Minha família passa por dificuldades financeiras e meu sonho é me tornar um grande atleta para poder ajudar minha família a sair desta situação – disse Rayan, que está no 8º ano escolar, é morador do Parque Aurora, filho de uma faxineira e de um entregador de bebidas e tem quatro irmãos.

Outro atleta de destaque do Cobreloa é o meia Nicolas, de 19 anos, que irá para o México. Ele fala da expectativa de jogar fora do Brasil.


– Minha expectativa é das melhores possíveis, de fazer o que eu gosto, que é jogar futebol. Passei por muitos clubes e nenhum me deu a oportunidade que o Cobreloa está me dando. Por isto quero aproveitar ao máximo – comentou Nicolas.

O técnico Índio, que está no Cobreloa desde o início do projeto, considera que a estrutura que o Cobreloa oferece nenhum clube de Campos tem. Além da estrutura e a parte social, o clube empresa de Campos se preocupa com a alimentação dos atletas, oferecendo um cardápio balanceado com frutas e repositores energéticos.

O Cobreloa Brasil Escola em Campos fará amistosos em Belo Horizonte no mês de novembro com o Cruzeiro e o América Mineiro. Antes, nesta sexta-feira (01/11) terá um amistoso às 9h30 contra o Goytacaz no Aryzão. A equipe já foi convidada para disputar torneios no México em 2020. É o crescimento do primeiro clube empresa de Campos, que tem o lema da agremiação do Chile: “Não somos grandes, somos gigantes”.

A REVERÊNCIA AOS MEDÍOCRES

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Há anos não tinha notícias de Dudu, com quem dividi o meio-campo do Vasco com Pintinho e Guina. Dudu Dentão, figura doce e um jogadorzaço, alternava o jogo com uma facilidade tremenda e tinha um chute certeiro de fora da área. Depois foi para Portugal e virou ídolo do Belenenses.

Me colocaram na linha com ele e lembramos nossos bons tempos, rimos e nos emocionamos. Falei com Dudu na sexta-feira, antes de começar a rodada do Brasileirão. Quando perguntei se tem acompanhado os jogos resumiu: ‘Tá ruim de ver’.

E está mesmo. Difícil encontrar um jogador como Dudu no futebol atual. Tinha problemas com o peso, engordava fácil, mas, hoje, mesmo gordinho, teria vaga em qualquer time brasileiro.

Fui assistir Fluminense x Chapecoense levado por um amigo. Seria amigo mesmo, Kkkkk!!! Que coisa feia! Marcão não está aproveitando a chance. Na verdade, os “novos” treinadores não estão se atualizando, não trazem qualquer novidade, não ousam.

Vamos ver como Zé Ricardo se sairá no Inter. Ganhou de 3×2 do Bahia, mas já deve ser o seu terceiro clube nesse ano. Dessa vez foi levado pelo amigo Rodrigo Caetano, gerente de futebol do Inter. Como dizia minha avó, quem tem padrinho não morre pagão.

Mas o que importa é que os astros continuam atormentando a vida dos retranqueiros e abençoando os que pregam um futebol ofensivo. Fernando Diniz ganhou mais uma e para frustração dos “especialistas das bancadas” Sampaoli continua no alto da tabela. Rogério Ceni, mesmo fora de casa, não se intimidou com o Cruzeiro, de Abelão. O goleiro Diego Alves mais uma vez salvou o Flamengo e o Palmeiras, de Mano, aos trancos e barrancos, VAR para lá, VAR para cá, venceu do Avaí.

Por falar em VAR, ele foi para lá de polêmico no jogo do Vasco. Tudo bem que o Raul não pode tentar um lençol na entrada da área, afinal ele não é um Dudu, Kkkk!!! Mas aí entra o pessoal da cabine mostrando que a marcação do lance é feita em 3D, Linha Vermelha, Linha Amarela, Kkkk, só falta ter tiroteio também, Kkkk!!! Gosto do Luxemburgo, mas insisto que precisa treinar os fundamentos da equipe.

“E seu Fogão, hein PC?”, me provocou o rapaz do quiosque onde sempre troco ideias com Fagner, Paulinho Pereira, Guinga e Armando Kfuri. Para dizer a verdade nem vi e só depois soube do massacre. Não falo nem sobre futebol, qualidade, mas esse time precisa fugir do marasmo, ter alma, alegria.

Entendem porque sinto saudade quando relembro de um Dudu? Quem viu, sabe. Dudu Dentão, obrigado por me lembrar desses dias felizes. Dividir um meio-campo com você foi um orgulho. Hoje reverenciam-se os medíocres, batem palma para maluco e, com tinturas de cabelo e tatuagens, criam-se falsos ídolos, mas quem preza pelo controle de qualidade, e conviveu com a simplicidade de um Dudu, nunca será iludido por essa máquina de criar falsos ídolos que virou o nosso futebol.

O GOL GENIAL DO CRAQUE GENIOSO

por Luis Filipe Chateaubriand


Quem vê José Ferreira Neto comentar futebol na TV Bandeirantes, convive com um profissional polêmico e genioso, que é chamado de “Craque Neto” pelos seus colegas de trabalho.

Muitos não entendem: Craque? Será que ele jogou essa bola toda para receber essa designação?

Craque, sim. O cara jogava demais, com metidas de bola excelentes, dribles precisos e lances de ótima técnica.

O momento crucial da carreira de Neto aconteceu em 1988, quando jogava pelo Guarani e seu clube decidia o título paulista com o Corinthians. Marcaria um gol absolutamente espetacular, indelével para os olhos de quem o viu para sempre.

Em cruzamento vindo da direita, “tascou” uma bicicleta para o gol. A bola entrou majestosamente. Concretizado o tento, o irreverente craque saiu gritando que “eu sou f…”. Era mesmo.

Não é simplesmente o gol de bicicleta que entrou para a história, mas a maneira que este foi obtido: não foi qualquer gol de bicicleta, foi o gol de bicicleta!

Em primeiro lugar, a bola não veio cruzada em linha reta, mas sim em diagonal. Se meter uma bicicleta para o gol em um cruzamento em linha reta já é dificílimo, o leitor já parou para pensar o que é meter uma bicicleta para o gol quando a bola vem em diagonal? A possibilidade de alcançar a bola é mínima, mas Neto conseguiu.

Em segundo lugar, Neto estava muito longe do gol, quando pedalou. Exatamente na entrada da grande área, no centro da linha limite desta. Já imaginaram a dificuldade que é para desferir uma pedalada forte e diagonal de tão longe que estava?

Em terceiro, e principal, lugar, a bola chegou a Neto muito baixa. Então, este teve que fazer o esforço adicional de esticar o corpo todo para o chão, quase deitá-lo, para desferir a potente, certeira e incrível pedalada. Nada fácil, mas feito com excelência.

Em suma, lance dificílimo de ser executado… e de uma beleza indescritível. Gol de craque – o craque Neto.

O Guarani perdeu o título para o Corínthians? Mas, e daí? O que entrou para a história foi a pedalada elegante, distinta, divina.

O genioso jogador Neto esteve metido em diversas polêmicas em sua carreira – até querer bater no técnico Leão quis. Mas, indubitavelmente, uma verdade se impõe a seu respeito: Craque Neto é apenas ser justo com quem jogou muita bola e produziu obras de arte, com a relatada tendo sido a maior delas.

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.

O VAR VARIA?

por Ricardo Dias


Não sou geômetra, nem gênio da informática, nem mesmo inteligente, mas sou desconfiado até a medula. Estava vendo essa maravilha tecnológica que separa a imagem quadro a quadro e que garante, segundo o bom Gaciba, presidente do comitê de árbitros, 100% de precisão. Well…

Será? Sem ter acesso ao programa, vendo apenas o que todos veem, o aplicativo lança uma linha sobre o campo, e essa linha separa o impedido do legal. Mas o que é uma linha? Aí é que começa a confusão. Visto de perto, um fio de cabelo é uma linha. Visto no microscópio, é uma faixa grossa. A linha de fundo, vista de longe, idem; de perto, mais grossa ainda. E essa linha imaginária tem que ser rigorosamente paralela à linha de fundo. Esmiúço:

Há alguns anos a TV Globo fez uma reportagem sobre as balizas nos campos de futebol. Descobriu que a grande maioria tinha medidas diferentes. Isso num universo relativamente pequeno da baliza, 7 metros e pouco por 2 e pouco. E o campo? O Google me informa que as linhas do campo têm, no máximo, 12 cm. A linha eletrônica sai dali e vai parar no ponto onde há a dúvida. Você que me lê nesse momento visualiza 12 cm? É mais ou menos um envelope de CD. Sim, é grande, né? E é uma faixa pintada sobre a grama, que não permite muitos detalhes. De onde sai essa linha? Do meio? Das extremidades? Tem como garantir que esteja absolutamente no esquadro? TODAS as linhas? Se a linha de fundo estiver alguns centímetros fora do esquadro, a linha imaginária perde o sentido, já que não estará de fato reta – ou estará reta num campo torto. Qual será o critério? A linha imaginária reta ou a linha de fundo torta? Nesses casos, os erros de paralaxe (melhor googlar o que é, caso você não saiba; fica muito chato explicar aqui. Mas, grosso modo, significa que nem sempre o que você vê é verdade, dependendo do ângulo de observação) deixam de ser realmente esclarecidos. E a linha de 12 cm? Terá EXATAMENTE 12 o tempo todo? Oscilará? Se ela tiver 12 no canto esquerdo e 10 no direito, tira toda a acuidade, olha a paralaxe aí de novo…


Ah, mas você foi no campo, mediu com instrumentos quânticos microeletrônicos de base infinitesimal e está totalmente no esquadro? Bacana! Então vamos ver por outro lado:

O impedimento é marcado NA HORA em que a bola sai do pé do jogador em direção ao companheiro de time. Nesse momento tem que haver pelo menos dois adversários entre ele e a meta. Claro, há minúcias, mas esse trecho da lei é que conta. Pergunto: em qual momento a bola sai do pé do que dá o passe? Sim, não existe um momento único mensurável tão facilmente. Do momento em que o pé toca bola, até o último pedaço dela “descolar” da chuteira, há décimos de segundo. Todo mundo se acostumou aos milésimos de segundo da Fórmula 1, acha normal. Se o futebol quer ser tão acurado, tem que começar a pensar nessas coisas, também. É necessário estabelecer o décimo de segundo em que a bola se solta do pé e equiparar ao décimo de segundo em que o corpo dos atletas está ou não em linha.

Entenderam meu ponto? Não estou afirmando que o VAR está errado, apenas gostaria que houvesse um esclarecimento técnico sobre esses pontos. A palavra bem-intencionada do Gaciba não basta, ele evidentemente acredita no que está dizendo, é uma pessoa honesta. Mas pensou nesses detalhes? Seria bom um técnico vir a público e esclarecer DE VERDADE essas coisas, sem tratar o público como idiotas. Caberia uma reflexão sobre o que, filosoficamente, significa estar impedido: uma pessoa 1 cm à frente de fato tem alguma vantagem? E meio centímetro? E 1 mm? Eu fico me perguntando se não deveria haver um critério mais humano nisso. Ao mesmo tempo, o VAR não interfere quando um jogador merece o segundo cartão amarelo, que significaria expulsão; não se intromete em coisas simples e rápidas, como um escanteio errado, mas quer nos convencer que o cidadão está impedido porque calça 43. Se calçasse 42, não estaria.

A gente tende a achar que a tecnologia é infalível, mas lamento: não é. Infalível é a capacidade da diretoria do Fluminense de fazer bobagens, mas isso é outro assunto.

O MENINO, AS LÁGRIMAS E O ESCUDO

(Para o amigo Daniel Hirschmann, que soube dizer a um menino as palavras certas no momento mais necessário)

por Claudio Lovato


O menino chora, de cabeça baixa, os cotovelos apoiados na mesa, o rosto escondido entre as mãos. Seu time perdeu.

O pai é jovem, e está ao lado; o gestual é idêntico ao do filho, apenas não chora.

A mãe, de pé ao lado deles, não sabe o que fazer.

Então um homem mais velho, também vestido com camisa do clube, se aproxima do menino, coloca a mão no ombro dele e lhe diz em voz baixa:

– Não desiste desta camisa. Ela ainda vai te dar muitas alegrias. Certo?

A mãe sorri para o homem, agradecida. O pai se mantém calado. O menino balança a cabeça em sinal de concordância.

O homem retorna à mesa em que estão sua esposa e dois amigos, ambos veteranos de muitas batalhas assim como ele.

Não se sabe o que será do menino. Pode-se imaginar que não desistirá, que persistirá. Ele sabe que pode esperar o melhor de seu clube, pois, apesar de ser ainda um menino, já vivenciou vitórias e conquitas extraordinárias.

O certo é isto: enquanto existir um menino que chore por seu escudo, o futebol seguirá vivendo.

Seguirá vivendo da forma que deve.