13 motivos para nunca esquecermos
por Marcos Eduardo Neves

Zagallo morreu tem treze letras. Temos que engolir o Velho Lobo. Afinal, lendas não se vão: letras renascem. Constantemente.
Como homenagem a um dos mais vitoriosos treinadores de todos os tempos, que faleceu na última sexta, aos 92 anos, cito aqui 13 motivos pelos quais jamais o esqueceremos:
1) Único ser humano que venceu quatro Copas do Mundo;
2) Campeão mundial em 1958 exercendo uma função relativamente nova em campo: a do ponta que volta para marcar no meio, como Telê Santana houvera feito no Flu anos antes. Contudo, consagrou-a em âmbito internacional. Assim como apostou em Zinho para fazer o mesmo no Mundial de 1994;
3) Aceitou sem medo a pressão de substituir João Saldanha às vésperas do Mundial do México, em 1970, e trocando peças e esquema tático do antigo técnico, ganhou a Copa dando show;
4) Único técnico que dirigiu a seleção em três Copas do Mundo (1970, 1974 e 1998);
5) Bicampeão mundial como jogador da seleção (1958 e 1962);
6) Bicampeão carioca (1961 e 1962) como atleta do Botafogo;
7) Bi carioca (1967 e 1968) e campeão brasileiro (1968) como técnico do Botafogo;
8) Campeão carioca de 1971 pelo Fluminense, contra o temido ‘Selefogo’;
9) Venceu duas Copas Américas (1997 e 2004) e uma das Confederações (1997) pela seleção;
10) Ganhou uma Copa dos Campeões (2001) e dois Cariocas (1972 e 2001), sendo este último com aquele golaço de falta de Petkovic sobre o Vasco;
11) “Só faltam dois (jogos)”. Prometeu e cumpriu, devolvendo-nos a Copa em 1994, torneio que o Brasil não vencia há 24 anos;
12) “Vocês vão ter que me engolir”, seu bordão, viralizou, virou meme;
13) Relacionava quase tudo ao número 13 – e não estava errado.
Poderia tecer outros feitos marcantes desse ícone, mas prefiro acabar por aqui. Afinal, ‘acabar por aqui’… tem 13 letras!
Vida longa ao mestre. Nunca te esqueceremos!
A PRESSA É INIMIGA?
por Idel Halfen

Assim como acontece na totalidade dos setores econômicos, a busca por inovação também faz parte do cotidiano das marcas de material esportivo. Além do desenvolvimento de equipamentos que possam permitir a melhora da performance, ser percebido como uma marca atenta a esses aspectos é objetivo de grande parte das empresas desse segmento.
Por se tratarem de atributos importantes na escolha do consumidor, a corrida pela “melhor solução” faz a área de P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) ser extremamente valorizada, tendo a área de marketing como uma importante aliada, visto ser ela a responsável pelo trabalho de posicionamento, o que exige argumentos convincentes, os quais, precisam ser reconhecidos e valorizados pelos potenciais clientes.

Esse processo, no entanto, precisa ser muito bem planejado, sob o risco de não se testar corretamente os produtos e assim redundar em falhas que comprometam a qualidade e, consequentemente, a imagem da marca.
No artigo, daremos um foco maior aos equipamentos esportivos em função deles incutirem a expectativa de auxiliar o bom desempenho dos atletas. Contudo, deve ser considerado que eventuais falhas de desenvolvimento podem acontecer em qualquer categoria de produto. Vide, por exemplo, as chamadas de recall para carros.
Ilustramos o assunto com o recente caso dos uniformes do Aston Villa, cujo fornecedor é a Castore, uma novata que vem crescendo significativamente no segmento e que tenta se diferenciar pela qualidade. Os jogadores do clube inglês reclamam do excesso de suor causado, o qual, no caso do feminino gera constrangimento em função da exposição do corpo das atletas.
Na relação de “problemas” com equipamentos esportivos, há também o caso dos uniformes da equipe de patinação dos EUA nos Jogos de Inverno de Sochi. Batizadas de Mach 39, as peças projetadas pela Under Armour tinham uma abertura para permitir a saída de calor, mas que, por outro lado propiciava entrada de ar, provocando arrasto e interferindo no desempenho.

Em se tratando de calçados a incidência é até maior, visto terem em grande parte das modalidades, significativa influência no desempenho.
Dentre esses, vale relatar o ocorrido no fim da década de 80, quando a Nike lançou o tênis de basquete Air Pressure Shoes, que vinha com uma bomba de ar embutida que servia para inflar ou desinflar o solado, todavia, os vazamentos do sistema de bombeamento minaram a imagem do produto no que se referia às vantagens propagadas.
Temos ainda o caso do Adidas Adizero Crazy Light, lançado em 2011 com a efetiva promessa de ser mais leve do que os concorrentes, mas que sofria com desgastes mais rápidos.
O fato de citarmos no texto algumas marcas, não significa que haja por parte delas um maior índice de problemas, até porque, a quantidade de casos de sucesso supera em muito os de insucesso.
A intenção do texto é puramente chamar a atenção de que trabalhar com produtos, seja através de P&D ou de marketing, requer desenho de processos que consigam concomitantemente preservar tempo e qualidade.
OBRIGADO, ZAGALLO!
por Zé Roberto Padilha

Em 1971, tinha 19 anos e atingia, no Fluminense, o ano decisivo na profissão. Depois de percorrer toda a divisão de base, ter chegado às Laranjeiras aos 16 anos, ou você tem uma oportunidade no profissional, é emprestado ou dispensado.
Com Lula, ponta-esquerda da seleção, como titular da camisa 11, eu jogava apenas quando era convocado. Não existia o famigerado time misto. Titular era titular. Reserva era reserva
Minha sorte foi que Mário Jorge Lobo Zagallo era o treinador do profissional. Campeão Mundial, no México, um ano antes, estava cheio de prestígio.
E a função que ele exerceu, no Botafogo e na seleção, como jogador, era a mesma que fazia.
Era o quarto homem do meio campo e o Marco Antônio adorava quando jogava ao seu lado.
Fiz minha estreia contra o América, no Maracanã, e ele me deu a maior moral. Assinei meu primeiro contrato e realizei meu sonho de menino: ser jogador de futebol e jogar no meu time de coração.
Descanse em paz, meu treinador. E obrigado por tudo.
ZAGALLO: POR QUEM OS SINOS DOBRAM
por Paulo-Roberto Andel

Dado o inevitável da vida, a passagem de Zagallo sugere muitas reflexões sobre o futebol brasileiro, onde ele é uma página eterna do nosso esporte há décadas.
Como jogador, reinou por Flamengo e Botafogo depois de passar pelo America. Do jovem recruta do Exército no Maracanã diante do Uruguai ao campeão mundial na Suécia, a distância é de apenas oito anos. Do quase corte da Seleção à consagração em 1958, com direito a gol do título, foram apenas alguns meses. E dos palcos suecos para o Chile, apenas mais quatro anos. Se parássemos por aqui, o Velho Lobo já teria um currículo monumental, mas o destino lhe reservou muito mais.
Não há dúvidas de que a maior Seleção Brasileira da história começou a ser desenhada por João Saldanha, mas também é impossível não reconhecer que o Brasil do México 1970 foi todo reescalado e adaptado por Zagallo, dos cinco camisas 10 no ataque ao miolo de zaga com Piazza recuado. É o time dos sonhos que se tornaram realidade.
Do campeão pelo Fluminense em 1971 ao gol de falta de Petkovic em 2001, Zagallo viveu trinta anos dourados. Ganhou e perdeu títulos, viveu novas emoções com a Seleção Brasileira. Comemorou o Brasil tetracampeão mundial nos EUA como coordenador técnico, foi vice mundial na França em 1998. Estava no Botafogo quando o Alvinegro alcançou o recorde brasileiro de invencibilidade em 1978, com 52 jogos. E faturou petrodólares nos primórdios do futebol árabe.
Seria impossível para um homem de tamanho mundial não se envolver em controvérsias e polêmicas pelo caminho, mas todas são pequenas diante de sua estatura. Tão grande que já era imortal muito antes da própria morte, anos depois de sua última grande aparição pública, conduzindo a tocha olímpica no Rio de Janeiro para os jogos de 2016.
Por fim, sua longa e gloriosa trajetória também se mistura ao folclore, como na superstição com o número 13 que sempre lhe acompanhou. Se pensarmos em expressões como “Brasil campeão” ou “Seleção de Ouro”, ambas possuem exatas treze letras – e fazem todo sentido como o desfecho de uma vida espetacular, vitoriosa e que agora deita em berço esplêndido.
É que os sinos dobram pela vitória.
@p.r.andel
HAJA GOL
por Fabio Lacerda

Pelé abriu a porta do céu para quatro grandes artilheiros do futebol mundial em 2023. E por coincidências do destino ou caprichos dos Deuses do Futebol, o ano de 2023 foi uma sucessão de perda dos feitores daquele momento mais emocionante do futebol. À moda antiga, sob a tática VW, o time comandado pelo Rei do Futebol contaria com Just Fontaine, Bobby Charlton, Roberto e Gianlucca Vialli.

Hoje, o astro italiano completa um ano para toda a eternidade. Aquele atacante natural de Cremona que fez história em Genova e Turim, estaria completando 59 anos. Sem falar no contínuo exercício de levantar troféus em Londres.
Vialli foi um centroavante que levava incômodos aos zagueiros adversários. Arisco, rápido e bom finalizador, Vialli atracou em Genova para defender a Sampdoria, clube pelo qual marcou mais gols. O scudetto na temporada 1990/1991 aconteceu seis anos após sua chegada ao estádio Luigi Ferraris. Juntamente de craques estrangeiros, como Toninho Cerezo, que conquistava seu segundo título do Campeonato Italiano, Vialli criou uma sinergia com Roberto Mancini que os tornaram uma dupla dentro de campo, e depois, à beira dele no comando técnico da Itália.
Vialli não sagrou-se campeão da Liga dos Campeões pela Sampdoria, mas a conquista do Velho Continente veio em duas ocasiões. A primeira com a camisa da Vecchia Signora na temporada 1995-1996. Vialli também foi campeão da Eurocopa 2020 no comando técnico da Azzurra com seu fiel escudeiro após a seleção transalpina ficar fora da Copa do Mundo de 2018, situação que estendeu-se até edição seguinte em 2022, no Catar.
Vialli foi a Londres defender o Chelsea na temporada 1996-1997. E sua trajetória de títulos continuou firme e forte na Terra da Rainha. E foi além! Passou a ser jogador e treinador. Vialli jogou duas Copas do Mundo e uma Eurocopa pela seleção.
Dois dias depois de Gianlucca Vialli rumar ao céu, o Brasil despediu-se do maior artilheiro do Campeonato Carioca, Brasileiro e do estádio de São Januário que caminha para seu centenário em 2027. Roberto despediu-se no dia 8 de janeiro, marcado pela confusão ocorrida em Brasília com a invasão dos Poderes da República e aniversário de quem vos escreve. E mais uma vez Zico reverenciou seu eterno amigo com uma homanagem multimídia no Jogo das Estrelas.
No dia do aniversário do Rio de Janeiro, o luto no mundo do futebol foi para o maior artilheiro de uma única edição de Copa do Mundo. O homem que fazia gol “para lá de Marrakesh”, deu seu último pontapé na bola aos 89 anos. O futebol mundial se despedia do africano Just Fontaine que jogou pela França entre 1953 e 1960.

Outra ligação totalmente aleatória com o Rio de Janeiro é o ano que ele estreia no futebol pelo Casablanca, Marrocos, que, coincidentemente, remete à Copa do Mundo de 1950 – Maracanã, na capital fluminense, foi construído para o evento mundial que iria para sua terceira edição após a suspensão de duas edições em virtude da II Guerra Mundial.
Após o destaque na África do Norte, o Nice, da cidade homônima que é a segunda mais visitada na França nos dias atuais, levou o craque que, antes de transferir-se ao Reims, foi campeão da Copa da França (1954). Se no Reims teve a infelicidade de perder duas finais de Liga dos Campeões para o Real Madrid, por outro lado, teve a alegria de voltar a jogar com dois companheiros de seleção que estiveram com Fontaine na Suécia: Roger Piantoni e Raymond Kopa, que havia conquistado o título merengue sobre o Reims antes de sair do Santiago Bernabéu.
Dentre as curiosidades deste feitor de gols é que não foi à Copa do Mundo de 1954, na Suíça, e só foi convocado para a Copa do Mundo da Suécia devido à contusão do atacante titular, Cisowski. Situações que acontecem no futebol e parecem ser um conto de fadas para alguns, e pesadelos para outros. Desde a Copa de 1958, a marca atingida por Just Fontaine, de fazer 13 gols numa única competição, na qual sua seleção não foi à final, é um feito que parece ser impossível ultrapassar.
Por fim, Sir Bobby Charlton, que após 13 meses da partida da Rainha Elizabeth, em 2022, deixou os súditos ingleses sem pai nem mãe. A lenda do “Teatro dos Sonhos”, e do English Team dava adeus dez dias antes de completar 86 anos.

Uma carreira dedicada aos Red Devils. Sua ligação com o Manchester United começou em 1953 e vai durar por toda a vida. Encerrou sua trajetória no Old Trafford em 1974 como jogador. Foi convocado para quatro Copas do Mundo (1958, 1962, 1966 e 1970) marcando gols somente em 1962 contra a Argentina, e em 1966, quando a Inglaterra conquistou a Copa do Mundo num final para lá de polêmica contra a Alemanha. Bobby Charlton foi crucial na partida contra Portugal que havia eliminado o Brasil. O lendário jogador marcou os dois gols da vitória por 2 a 1 contra a seleção comandada por Eusébio, Coluna, Simões, Vicente & Cia.
E o futebol pregou peças ao artilheiro inglês assim como aconteceu com os demais personagens. Em 1970, a Inglaterra vencia a Alemanha Ocidental por 2 a 0. A decisão do técnico inglês, Alf Ramsey, de substituir o astro, culminou com a virada alemã que comeu o prato frio da vingança eliminando os “Algozes de Wembley”.