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ALCINO, VERDADEIRA MALUQUICE DE CRAQUE

24 / março / 2017

por André Felipe de Lima


Para a maioria dos torcedores do Remo, de Belém do Pará, não há dúvida: o centroavante Alcino é o maior ídolo da história do clube. Polêmico ao extremo, conquistou a torcida dentro de campo. Fora dele, ia do céu ao inferno com uma facilidade assustadora.

Hoje, dia 24, o craque, que morreu prematuramente, em 2006, completaria 65 anos. Fica aqui, a homenagem deste jornalista e pesquisador a um jogador cuja história se mistura com as glórias do Remo.

Alcino Neves dos Santos Filho. Esse nome está na memória de todos os torcedores paraenses, especialmente os do Remo. Dentro de campo, gols à vontade e alguns gestos pouco ortodoxos, fora dele, muitas polêmicas. Muitas mesmo.

Ganhou um apelido: “Negão Motora”. Alguns dizem que em função de sua “paixão” por automóveis. Outros garantem, porém, que o apelido veio após uma situação para lá de constrangedora.

Na tarde do dia 26 de maio de 1984, Alcino, em franca decadência, defendendo o Rio Negro, de Manaus, achava ser o ator Jack Nicholson, quando este protagonizou o filme Um estranho no ninho, sucesso de Hollywood dos anos de 1970.

Completamente fora de si, alegando estar “cansado da concentração”, onde morava de favor, arrombou o armário onde estava guardada a chave de um microônibus do clube e rodou pela cidade. Horas depois, completamente embriagado, atropelou o motorista de caminhão Manuel Amadeu da Silva, de 41 anos, que, segundo a imprensa da época, teria morrido em seguida.

Alcino fugiu e ao retornar à concentração os dirigentes do Rio Negro suspenderam seu contrato. Para piorar, recebeu ameaças de morte de amigos da vítima. “Foi uma fatalidade, não sou culpado de nada”, desculpava-se.

Sua vida sem compromisso e desregrada acabou conduzindo-o ao cadafalso.

Até mesmo dentro dos gramados extrapolava os limites, como descreve reportagem da revista Placar, de maio de 1980, que abre o texto com base no depoimento anônimo de um ex-companheiro de time do “Motora”: “Quando jogava no Remo, de Belém, o centroavante Alcino cultivava um hábito: antes de entrar em campo, fumava um cigarrinho de maconha. Enquanto os companheiros esperavam na boca do túnel, o roupeiro ficava na porta do vestiário, para avisar a quantas andava o aquecimento especial do grandalhão.”

Alcino era um cara contraditório, capaz de um dia cometer desatinos, como o de pegar um ônibus e sair desvairadamente pelas ruas, ou, em outro, ir à rua das Olarias, próxima ao estádio da Portuguesa de Desportos, para jogar uma saudável pelada com os garotos do bairro.


Foto: Gazeta Press

Alcino não dispensava essa relação com o povo, com o torcedor. Sempre parava no bar “Lusa do Canindé” para um papo com os torcedores. Às vezes classificavam seu comportamento como infantil. Alcino descia à rua para dançar com as crianças, e até gostava quando o chamavam de John Travolta.

Nunca soubemos se Alcino era feliz ou triste.

***

Alcino está na Letra “A” de “Ídolos – Dicionário dos craques do futebol brasileiro”,

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