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ADÁGIO DE DOR E CORTE EM 1986

13 / novembro / 2018

por Marcelo Mendez

Era uma tarde fria, de céu acinzentado.

Passei o dia, o caminho de carro entre Santo André e o Morumbi, ouvindo um som do The Smiths, uma fita cassete que a Cris me deu. Mesmo sob protestos de meu Pai, meu Tio Bida botou pra tocar “Ask” no toca fitas do carro. Era o som e eu tava gostando.

Queria estar animado, tomado de empolgação e felicidade, afinal de contas o Palmeiras estava disputando uma decisão de campeonato, a primeira final da minha geração, no Morumbi era tudo Verde, enfim:

Era um dia de Palmeiras.

Mas não consegui.

Alguma coisa dentro de mim bloqueava a euforia. Poderia ser várias coisas, poderia não ser nada. Ou poderia ser tudo, sei lá. Era a primeira partida da decisão do Campeonato Paulista de 1986. O Palmeiras enfrentava a Inter de Limeira com 100 mil Palmeirenses a seu favor na arquibancada. Em campo, porém, o maior desafio.

A Inter de Limeira contava com um timaço. Tinha Silas no gol que havia chegado desde o Santos. Bolivar, zagueiro que veio do Grêmio, Manguinha que foi campeão brasileiro pelo Guarani em 1978, João Batista, ex-Lusa, Kita, centroavante gaúcho que havia conquistado a medalha de prata nos jogos olímpicos.


Além desses, uma molecada comandada pelo volantão Gilberto Costa, ex-Santos. Garotos como Tato, Lê, os laterais João Luiz e Pecos. Um time parrudo que havia voado durante a fase de classificação do campeonato. Não me importava nada disso.

Quando sentei naquele banco de madeira da numerada inferior do Morumbi, a única coisa que queria ter era confiança, eu só queria permitir em mim a alegria, a esperança de finalmente ver um jogo do Palmeiras com um final diferente, ter um ano legal, como todo mundo eventualmente tinha nas questões ludopédicas.

O jogo seguia…

Sem chance criada, sem maiores emoções, tudo muito frio, todos os medos calculados e o inevitável 0x0 no placar final. No caminho até o carro do Tio, meu Pai meio que já comprava o discurso do “tudo bem, é um jogo de 180 minutos”. Não me confortou muito, queria então ver logo os 90 minutos finais. Pois bem, os dias passaram.

Veio a quarta-feira da final e os 90 minutos restantes, na verdade, durariam por mais muito tempo na vida Palmeirense.

Muito tempo…

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