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AS FINAIS DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 2000

por Luis Filipe Chateaubriand

No ano de 2000, o Campeonato Brasileiro foi substituído pela Copa João Havelange, devido a confusões que levaram o certame a ser jogado por centenas de clubes – eu chamava a competição de “Copa Centopeia – O Monstro de 116 Patas” – com esses clubes divididos em módulos.

Nas semifinais da competição, o Vasco da Gama suplantou o Cruzeiro e, com seu timaço espetacular, foi às finais.

Já o São Caetano, fenômeno da época, suplantou o Grêmio nas semifinais e, surpreendentemente, se classificou às finais.

Eis que Vasco da Gama X São Caetano foi uma final que não se esperava.

O primeiro jogo das finais foi realizado no Estádio Palestra Itália, em São Paulo, com mando de campo para o São Caetano.

O jogo terminou empatado em 1 x 1, com o primeiro gol para o São Caetano de César e o empate vascaíno com gol de Romário – ambos no primeiro tempo.

O segundo jogo das finais, no Estádio de São Januário, com mando de campo para o Vasco da Gama, não foi concluído, uma vez que o alambrado do local foi destruído, e várias pessoas foram arremessadas para o campo e se machucaram.

Assim, o segundo jogo das finais foi repetido, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, com mando de campo para o Vasco da Gama.

O Vasco da Gama marcou com Juninho Pernambucano, Adãozinho empatou e Jorginho Paulista fez 2 x 1, ainda no primeiro tempo.

No segundo tempo, O insaciável Romário decretou o 3 x 1 final.

Pela quarta vez, o Vasco da Gama era campeão brasileiro!

“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 58

por Eduardo Lamas Neiva

Após o encerramento da música de Douglas Germano houve um silêncio impactante. Porém, logo começaram a surgir aplausos e muitos elogios. Se houve também alguns descontentes, eles se calaram e se afastaram, ninguém viu, nem ouviu.    

Houve depois uma certa dispersão, mas como a bola não pode parar na nossa resenha, Idiota da Objetividade logo se recordou de outra vitória brasileira sobre a Inglaterra.

Idiota da Objetividade: – Contra os ingleses, na casa deles, em Wembley, o Brasil só conseguiu ganhar pela primeira vez em 1981, por 1 a 0, com um gol de Zico.

Garçom: – Lembro bem. Foi o primeiro jogo da excursão à Europa, um ano antes da Copa da Espanha. Depois vencemos a França, por 3 a 1, com um show de bola no Parque dos Príncipes, em Paris, e a Alemanha Ocidental, de virada, por 2 a 1, com Valdir Perez pegando duas vezes pênalti cobrado pelo Breitner, e Cerezo e Júnior fazendo dois golaços.

Idiota da Objetividade: – Que boa memória, Zé Ary! Perfeita descrição dos fatos.

Garçom: – Vamos ver aquele gol?

Zé Ary põe o vídeo para rodar no telão o gol da primeira vitória brasileira sobre a Inglaterra, em Wembley.

Logo após a exibição do gol, muitos olham para Sócrates, que sorri com a lembrança daquela exibição contra a seleção inglesa.

Garçom: – Peço licença aos senhores, mas citar Zico sem ouvirmos uma homenagem musical ao Galinho seria um pecado, não acham?

Ceguinho Torcedor: – Um pecado capital!

Músico: – Aí vamos lembrar do grande vascaíno Paulinho da Viola.

Ceguinho Torcedor: – E por associação de ideias: Roberto Dinamite!

Músico: – Aliás, outro grande amigo de Zico, o Dinamite.

Garçom: – Em breve, o grande ídolo vascaíno estará aqui com a gente. Mas vamos ouvir no nosso sistema de som “Camisa 10 da Gávea”, do Jorge Ben, com a grande Maria Alcina.

Quase todo mundo dança e aplaude ao fim. João Sem Medo retoma a pelota.

João Sem Medo: – Merecidíssima homenagem ao Zico, mas queria voltar ao ano de 59, se me permitem. Além do show do Julinho Botelho, houve o Sul-Americano na Argentina também e a seleção brasileira disputou a competição como campeã do mundo. Mas o título ficou com os argentinos…

Sobrenatural de Almeida (rindo): – O árbitro apitou o fim do jogo quando o Garrincha faria o gol da vitória e do título para o Brasil.

De sua mesa, Mané se manifesta com um gesto indicando que a seleção foi roubada naquela final. E ganha o apoio de quase todo mundo presente.

Ceguinho Torcedor: – Nas três primeiras partidas, a atuação do Brasil foi uma espécie de naufrágio. E contra o Uruguai, antes da final, vencemos no pau e na bola.

Garçom: – Opa!

Todos riem

João Sem Medo: – Na porrada e na bola. Derrotamos os uruguaios por 3 a 1. Eles baixaram o sarrafo e os brasileiros não correram da briga.

Ceguinho Torcedor: – O salto de Didi foi prodigioso. Foi realmente um voo para castigar os uruguaios, que tinham baixado o pau. Batida no futebol, a ex-Celeste, que vive de passado como uma planta de Sol, partiu para a luta corporal. Amigos, foi um sururu de antologia. O brasileiro meteu o braço. E não só o braço: enfiou o pé, deu chute, rasteira, rabo de arraia. Paulinho atravessou o campo para caçar, do outro lado, três adversários que batiam covardemente em Chinesinho. O inimigo pôs sebo nas canelas e deu no pé. Porém, o momento mais artístico da pancadaria foi a monumental intervenção de Didi. Outro qualquer teria usado meios normais, tais como o tapa, o soco, o pescoção, ou a boa e salubre cabeçada brasileira. Didi foi além. Tomou distância e correu. Havia um bolo de uruguaios. E todo o estádio parou no espanto do salto, tão plástico, elástico, acrobático. Essa espantosa agilidade carioca deslumbrou o povo. Com os dois pés, fendeu e debandou o grupo inimigo. A plateia argentina quase pediu bis.

Risadas em todo bar Além da Imaginação. Sem avisar, Zé Ary põe no telão as imagens com os melhores lances e a pancadaria entre brasileiros e uruguaios, em 1959. Quando todos percebem ficam estáticos, atentos a cada detalhe.

Houve um burburinho, todos se voltaram para Didi que se manteve sério, apesar dos gracejos à sua volta. João Sem Medo pegou a bola e partiu em frente.

João Sem Medo: – Na final, contra a Argentina, o árbitro Carlos Robles nos roubou um gol do Garrincha no finzinho do jogo. Ou melhor, antes do fim.

Ceguinho Torcedor: – Ele só admitia contra os argentinos faltas não decisivas. E, no último minuto, excedeu-se a si mesmo. Vale a pena reconstituir o lance: – Garrincha apanha a bola e dispara. Os 120 mil argentinos gelaram. E Robles, o nosso Robles, caiu num pânico convulsivo. Ele percebeu que Garrincha faria o gol ou, pelo menos, reconheceu esse perigo evidentíssimo. Imaginem um gol brasileiro em cima da hora e Robles tendo de reconhecê-lo! Lá no campo do River Plate, que não tinha, para proteção dos visitantes, nem essa tela de arame que o mais franciscano galinheiro exige. Ele, que naturalmente, tem família, surrupiou uns bons três minutos e apitou, apitou histericamente. Ao mesmo tempo a bola estufava o barbante argentino. Amigos, o Robles assassinou o gol brasileiro!

O público do bar se alvoroçou e vaiou o árbitro como se lá estivesse. Zé Ary aproveitou a deixa e dominou o lance com categoria.

Garçom: – Que coisa, seu Ceguinho! Mas Juiz Ladrão também tem música, então vamos colocar aqui no nosso aparelho de som, “Juiz Ladrão”, de Maracai e Muniz Teixeira, na voz da grande dupla sertaneja Lourenço e Lourival. Vamos lá, turma. Quem quiser pode dançar.

Muita gente, incluindo Garrincha e Didi, continuou a comentar sem elogios a atuação do árbitro chileno, mas logo caiu na festa promovida pela música.

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Um gol desse não se perde!

QUEM TE PISOU DOURADA, TE ASSISTE ESBURACADA

por Zé Roberto Padilha

Em 1975, quando foi inaugurado, o Estádio Serra Dourada era o objeto de desejo de todo jogador de futebol. Se para a Dança, a Ópera e o Ballet o palco do Teatro Municipal era o piso mais cobiçado, o Serra Dourada se tornara o mais glamouroso dos gramados brasileiros.

Foi lá que a nossa Máquina Tricolor, com quatro tricampeões mundiais (Félix, Marco Antônio, Rivellino e Paulo Cesar) realizou uma das suas maiores exibições.

Na época falavam que fomos feitos um para o outro.

Tanto tempo depois, na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, o estádio, já sob a guarda do Governo de Goiás, se apresenta com inacreditáveis buracos.

Dizem que ele, o gramado, com saudade dos que por lá exibiam a mais pura arte, com o tempo se rebelou diante dos maus tratos. E resolveu ficar à altura do futebol que praticavam.

Será?

VIDA LONGA AOS ESTADUAIS

por Claudio Lovato Filho

E ainda há quem diga que eles não têm importância e, até, que deveriam ser extintos. Imaginem só.

Pois os últimos dias calaram aqueles que os maldizem.

Vejam o que aconteceu no Rio Grande do Sul. A importância do duelo entre Grêmio e Juventude fez com que o tricolor mandasse time misto para sua estreia na Libertadores, na Bolívia. E veio o segundo heptacampeonato da história gremista, celebrado por mais de 50 mil pessoas numa linda festa na Arena.

Vejam o que aconteceu em São Paulo. Dois embates entre Palmeiras e Santos para serem guardados em lugar muito digno na longeva história de enfrentamentos entre os dois clubes.

Vejam o que aconteceu no Rio de Janeiro, com o bravo Nova Iguaçu encarando o Flamengo, sem medo e com muita competência, numa finalíssima com recorde de público no Maracanã.

Vejam o que aconteceu em Minas Gerais, com o Atlético confirmando seu favoritismo em cima de um Cruzeiro que lutava (e segue lutando) para mostrar que está voltando a ser um grande entre os grandes. E o Mineirão fervilhou.

Vejam o que aconteceu na Bahia, com o Vitória conquistando o campeonato com um empate na Fonte Nova, numa decisão vibrante e equilibrada como há tempos não se via por lá.

Vejam o que aconteceu no Ceará, com o Castelão transbordando gente num confronto que só foi terminar na decisão por pênaltis, com o Ceará campeão em cima do Fortaleza.

E ainda teve outras oito decisões no mesmo fim de semana: em Recife, Curitiba, Goiânia, Maceió, Brasília, Cuiabá, Teresina, Palmas e Criciúma. Fizeram a festa as torcidas de Sport, Athletico, Atlético, CRB, Ceilândia, Cuiabá, Altos, União e Criciúma.

E que festa. Que festas. Festas do futebol brasileiro. Festas brasileiras.

Vida longa aos campeonatos estaduais – porque, sem eles, as rivalidades regionais sofrerão abalo, e o futebol precisa que essas rivalidades se perpetuem.

Vida longa aos campeonatos estaduais – porque, sem eles, muitos clubes irão sucumbir, morrer à míngua, e não podemos permitir que isso aconteça.

Vida longa aos campeonatos estaduais – porque, neles, estão muitas histórias da infância; da gozação na escola segunda-feira de manhã, das tentativas de ir à forra no pátio durante a Educação Física ou então depois da aula, na pelada no terreno baldio.

Viva longa aos nossos campeonatos estaduais – porque eles são uma das principais causas da nossa paixão pelo futebol.

E essa paixão é parte essencial e poderosa da nossa identidade.

NADA ALÉM DO QUE DOIS MINUTOS

por Reinaldo Sá

Parafraseando o grande comunicador dos áureos tempos da Rádio Nacional, Paulo Roberto, faço aqui uma lembrança do saudoso artilheiro que, através do sorriso, escondia a sua timidez: Carlos Roberto de Oliveira, ou simplesmente Roberto Dinamite.

Na história futebolística, o craque nos emocionou com aa suas jogadas de definição rara nas tardes do Maracanã raiz, local no qual geraldinos e arquibaldos vibravam a cada jogada fatal do Garoto Dinamite.

Não demorou para se tornar uma referência cruzmaltina e, mesmo não tendo sucesso no futebol espanhol, vestindo a camisa do Barcelona, a sua volta ao país foi uma noite de gala diante dos corintianos capitaneados por Sócrates, com cinco belos gols Foi somente um cartão de visita e uma amostra do quanto o time catalão perdeu em não aproveitá-lo.

Fica o registro para a data do dia 13 de abril aonde Roberto Dinamite faria setenta anos. No mais, fica a saudade do artilheiro, com cheiro de gol e de dinamitar as redes inimigas.