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ZÉ CARLOS, ‘CARREGAR PIANO’ ERA COM ELE MESMO

28 / abril / 2017

por André Felipe de Lima


(Foto: Reprodução)

Fosse no grande Cruzeiro de 1966 a 1976 ou no estupendo Guarani de 1978, lá estava José Carlos Bernardo, o grande volante Zé Carlos, carregando o piano do time. Mas, verdade seja dita, “carregar piano” naqueles elencos era tarefa das mais amenas. Afinal, o Cruzeiro, em 1966, tinha um time campeão da Taça Brasil formado por craques sensacionais, do goleiro ao ponta canhoto, de Raul, passando por ele, Zé Carlos, Piazza, Procópio Cardoso, Dirceu Lopes, Natal e Tostão, a Hilton de Oliveira. Na máquina de 76, campeão da Taça Libertadores, ocorria o mesmo. No gol, novamente Raul, mas também havia Roberto Batata, outra vez Piazza, Palhinha, Joãozinho, Zé Carlos e até Jairzinho, o “Furacão de 70”. Só cobras…

Pelo Cruzeiro, Zé Carlos entrou em campo 633 vezes e conquistou nove campeonatos estaduais. Até surgir o goleiro Fábio, que defende a Raposa desde 2005, o meio-campo era o jogador que mais vezes vestiu a camisa azul do clube mineiro. Vestiu com extrema galhardia. “Eu me preocupava com a técnica porque é o que tem de prevalecer em qualquer jogador de meio-campo. Se eu errasse mais de três passes em um jogo, voltava para casa com raiva de mim mesmo, até se ganhasse prêmios e fosse elogiado por colegas.”


(Foto: Reprodução)

Quando tinha pouco mais de 30 anos e com a carreira praticamente consolidada como um dos maiores ídolos do Cruzeiro em todos os tempos, Zé Carlos teve o passe negociado com os cartolas do Guarani. O que, para muitos, representava uma aventura sem precedentes, tornou-se uma das maiores surpresas da história do futebol brasileiro. Ao lado de jogadores espetaculares, como o goleiro Neneca, o zagueiro Gomes e os meias Renato e Zenon, Zé Carlos foi campeão brasileiro em 1978.

Na seleção brasileira, teve poucas oportunidades. Por muito pouco não foi à Copa de 70, mas acabou cortado na reta final. Inicialmente, indignou-se, mas acabou resignando-se.

A melhor chance foi com o técnico Oswaldo Brandão, em 1975, quando Zé Carlos ainda se recuperava da grave contusão que sofrera no tendão de Aquiles do pé direito. Com Zé Carlos, o Brasil ficou em terceiro lugar no Campeonato Sul-Americano, na época disputado em jogos de ida e volta. Devido à contusão, Zé entrou em campo somente na segunda fase da competição. “Ele está voltando de uma contusão grave. Ficou muito tempo parado e precisa de apoio para não sentir nada quando entrar no time. É um craque e não posso dispensar seu trabalho”, disse Brandão antes do início da competição.


(Foto: Reprodução)

Certa vez, ele disse o seguinte ao saudoso repórter Fausto Netto: “Se eu tivesse que recomeçar tudo de novo, seria jogador de futebol novamente. Jogo por profissão e por gostar de futebol”. Verdade. Zé foi uma unanimidade entre os companheiros de time. Piazza afirmava ser o amigo o “elo perfeito” entre defesa e ataque. Dirceu Lopes aponta o passe perfeito: “Com o Zé, a jogada sai fácil. Sua colocação em campo é um troço.”

Hoje, dia 28, o mineiro Zé Carlos, de Juiz de Fora, comemora mais um aniversário. Com o craque no Cruzeiro ou no Guarani, os times eram verdadeiras orquestras. Ele, naturalmente como todo volante, o bravo maestro a regê-las. Feliz e em total sintonia com o divino espetáculo chamado futebol.

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