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TALENTO DESPERDIÇADO

19 / setembro / 2016

por Serginho5bocas


Josimar era fera na bola! Criado nas peladas da Cidade de Deus, levava jeito para o futebol desde pequeno. Joia da base do Botafogo, que na época revelava muitos craques sob a batuta de Neca e do técnico Joel,  fez parte dos titulares da seleção brasileira de juniores, vice campeã no mundial da categoria em 1981. Na época, jogava no meio de campo com Leomir, que viria a ser do Fluminense, e tinha como companheiros, Mauro Galvão, do Inter, Julio Cesar, do Guarani, Paulo Roberto, do Grêmio, e Cacau do Goiás.


No canto direito, Josimar comemora um dos seus gols pela seleção

Como se costuma dizer, Josimar era “bola”, mas não tinha sido convocado para nenhuma partida da seleção de Telê que iria disputar a Copa de 1986 e nem fez parte do grupo que teria alguns cortados antes da competição. Mas quis o destino que Leandro pedisse dispensa e, como só teria Edson, do Corinthians, Telê decidiu chamá-lo.

Josimar estava voando, como sempre, tinha um fôlego acima da média e seria provado que a decisão fora mais do que acertada, pois os jogos no México seriam ao meio-dia e na altitude. Ou seja, Telê precisava de alguns jogadores com ótimo preparo físico, pois também estava levando alguns veteranos remanescentes de 1982. O craque chegou como reserva, mas não demorou a ganhar a vaga lá no México. Fez dois gols espetaculares e deixou uma impressão tão boa com suas atuações que foi escolhido pela imprensa como o melhor lateral daquela Copa.

Um detalhe inusitado é que durante os treinos, Josimar tinha o melhor aproveitamento nas cobranças de pênaltis entre todos os jogadores. Antes do jogo contra a França, dizem que não errou nenhuma das cobranças. O problema era que ele levava tudo na sacanagem e batia os pênaltis nos treinamentos sem tomar distância e bem devagar, matando o goleiro de raiva. Em razão dessa displicência, não foi relacionado para as cobranças que, por ironia do destino, nos fez amargar mais uma derrota daquelas de doer. Não sei se com ele ganharíamos, mas seria no mínimo diferente.


Foi tudo tão bom na vida dele que, após a Copa, o lateral foi convocado para uma destas seleções da FIFA e, num jogo amistoso, fez o gol da vitória de 1×0 com passe de Maradona.


Posteriormente, foi vendido para o Sevilla, da Espanha, mas não vingou. Voltou ao Brasil contratado pelo Botafogo, mas nunca mais seria o mesmo. Josimar ainda jogou algum tempo na seleção, mas foi perdendo espaço e as noitadas faziam ele frequentar mais as páginas policiais e de fofocas do que as de esportes.

Terminou sua carreira vagando por clubes sem expressão e sem o viço e a alegria que dava gosto de ver quando ele jogava no inicio da carreira. Josimar foi mais um daqueles talentos desperdiçados, aqueles jogadores que não conseguem cuidar do seu maior patrimônio, o seu próprio corpo, seu instrumento de trabalho.

Uma pena que o triste exemplo de Josimar não faça surtir nenhum efeito em muitos jogadores atuais que levam a vida no mesmo ritmo e, ás vezes, até mais alucinante do que o ex-lateral.

Dizem que hoje ele dá aulas para meninos que sonham ser jogador como ele foi. Espero que aprendam só a parte boa, que convenhamos, foi espetacular, mas, infelizmente, durou tão pouco.

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