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OBRIGADO, TARCISO!

5 / dezembro / 2018

por Claudio Lovato


Vai, Tarciso, vai descansar em paz, Flecha Negra.

Correste muito, correste demais, voaste.

E agora vais encontrar repouso no lugar de teu merecimento.

Enfrentaste tudo e superaste tudo.

Chegaste ao Grêmio numa época difícil, tempos de muitos vendavais, nos quais nós todos tivemos de ser fortes, especialmente fortes.

Persististe, sempre.

Em 1973, ano da tua chegada, eu tinha 8 anos. Desde então e por muito tempo depois, eu estava lá na arquibancada do Olímpico, te vendo em campo sempre assim: o tempo todo lutando, na vitória ou na derrota, sem jamais esmorecer, sem nunca se dar por satisfeito, correndo, voando, lutando, sendo Tarciso, sendo gremista.

Não te intimidaste com as cobranças da torcida, impaciente e ansiosa, naqueles anos 70 de poucas conquistas.


Não te amedrontaste nem mesmo com as cotoveladas assassinas que frequentemente atingiam teu rosto nos jogos contra nosso arquirrival.

O Tarciso que, com humildade, ouviu Telê e acabou formando com André e Éder um dos melhores trios de ataque que o mundo do futebol já viu.

Isso foi em 1977. Um ano depois, eu estava na Escolinha do Grêmio e então a coisa ficava séria quando os jogadores profissionais apareciam para nos ver jogar, e o Tarciso sempre aparecia, e eu sou grato à vida por momentos como aqueles. 

O Tarciso que deu início à nossa estirpe de grandes ídolos guerreiros da camisa 7.

O Tarciso que queria vencer Grenais e o Tarciso campeão do mundo.

O Tarciso injustiçado pela CBF (seria tua, a Copa de 78; seria nossa!) e o Tarciso que um dia arrancou o aplauso libertador de toda a América. 

O jogador que mais vezes vestiu a camisa do Grêmio.

O segundo maior goleador da história do clube.

O Tarciso mineiro, que veio do América do Rio e se tornou gaúcho, porto-alegrense.

Porto-alegrense, gaúcho, brasileiro, sul-americano, do mundo – como o teu Grêmio.

Tão destinado ao Grêmio que nasceu no mesmo dia em que o Tricolor foi fundado.

Salve 15 de setembro!


Em Porto Alegre, virou vereador e elegeu suas causas: a escola com turno integral e o esporte como instrumento para evitar que os jovens caiam nas garras do crime.

Nas minhas definições de “herói”, tu serás sempre muito mais que um verbete; serás personificação e exemplo.

Correste muito, voaste. Fizeste muita gente feliz.

Fizeste muita gente entender que persistir é questão crucial – no futebol e na vida.

Obrigado por tudo, José Tarciso de Souza.

Flecha Negra.

Tarciso.

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