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O CAMISA 8 SEMPRE FOI MEU CAMISA 10

8 / agosto / 2018

por Mateus Ribeiro


Quando era criança, todos os meus amigos que jogavam bola gostariam de ser alguém: os da minha idade imitavam o Raí, ou o Neto, alguns outros queriam ser o Rivaldo, ou o Giovanni. Os mais velhos se passavam pelo Zico, pelo Rivellino, pelo Ademir da Guia, até mesmo pelo Pelé, mesmo que muitos deles nunca tenha assistido um lance sequer dessas feras.

Todos os jogadores citados usavam a camisa 10, a mais emblemática da história do futebol (mesmo que hoje, com essa numeração de basquete, a lendária 10 tenha virado uma raridade, continua sendo um símbolo pesadíssimo).  Quanto ao Mateus (no caso, eu), esse não era ninguém na pelada, pois raramente era escolhido, visto seu minúsculo talento para a prática do chutebola.

Porém, sendo bem sincero, se eu pudesse escolher alguma camisa, eu escolheria a 8. Quer saber como tudo começou? Então, senta que lá vem história.

O primeiro campeonato que eu assisti sabendo o que era um médio volante, um beque central e um centroavante (se você tem menos de 20 anos e está acostumado com “winger”, “falso 9” e “enganche”, sinto muito) foi a Copa de 1994. E dois nomes ali me chamaram muito a atenção. Estou falando de Dunga e Stoichkov.

Ambos vestiam a camisa 8. E apesar do mesmo número, os estilos de jogo eram bem distintos um do outro. Eu gostava do jeito duro, porém leal, de Dunga jogar. Gostava da maneira dele comandar o time. E cabe lembrar de um detalhe: sua comemoração no pênalti convertido contra a Itália na final. Meu pai, até seus últimos dias de vida, via esse lance, chorava, e comemorava igual o capitão do tetra. Ah, e eu gostava pra caramba do cabelo dele, acredite se quiser.

Já o Stoichkov era mais habilidoso. Minha primeira lembrança dele foi o dia que Ronaldão quase o deixou sem respirar, na final do Mundial de 1992. Em 1994, pude rever o pequeno rapaz destruir seus adversários. Conseguiu levar a Bulgária (um país que eu nem sabia que existia) até a disputa de terceiro lugar da Copa do Mundo. Tempos depois, fui descobrir que apesar de ter Cristo como nome, ele estava bem longe de ser um santo, tanto dentro quanto fora de campo. Falador, polêmico, e não tão preocupado com sua forma física, Stoichkov foi um dos primeiros gringos que me identifiquei no futebol.

Tempos depois, comecei a acompanhar mais futebol, e vi que tinha camisa 8 bom a rodo, no Brasil e no mundo. Porém, por razões óbvias, nenhum outro chegou perto de Freddy Rincón como meu ídolo maior por anos. Rincón aliava a força de um caminhão sem freio com uma técnica pra lá de refinada. Sem contar seus chutes e passes, extremamente precisos. Por anos, foi meu jogador preferido. E esse sim, eu gostaria de ser. Inclusive no tamanho, o que me ajudaria muito em uma possível briga corriqueira da afolescência.

Durante a adolescência, eu vi muito camisa 8 que poderia vestir tranquilamente a 10. Desde Juninho fazendo gol atrás de gol no Lyon, até Gattuso descendo o sarrafo sem dó, eu gostava dessa versatilidade da camisa 8, que variava entre a qualidade absurda e a disposição de um puro sangue. Por vezes, misturava os dois. Um ponto triste é que eu sempre quis bater faltas como o Juninho, e ser bruto como Gattuso. Falhei miseravelmente nas duas missões.

Ah, também tive tempo de ver a carreira do Iniesta desde o começo (tá certo que ele começou usando a 24 no Barcelona e usava a 6 na seleção,mas todos se lembram dele com a 8 do Barça). E eu te garanto, que meus olhos presenciaram muita coisa boa saindo dos pés dele.

Isso pra não falar de Gerrard, que na final da Liga de Campeões da Europa 2004-05, teve uma das maiores atuações individuais que eu já vi na vida.

É muita gente boa pra uma camisa só. Sem contar os nomes do passado: Didi em 1958 e Gérson em 1970 são dois exemplos gigantescos. Mas existem muitos outros camisas 8 que marcaram a vida do torcedor: Adílio, Mengálvio, Leivinha, e tantos outros que variavam entre o carregador de piano e o cérebro do time. Dois desses ídolos do passado, aliás, são memoráveis pra mim.

Um deles marcou o gol mais emblemático do time do meu coração, pouco mais de 8 anos antes do meu nascimento: Basílio. Eu não era nascido, mas talvez, em uma vida passada, ajudei Basílio a empurrar aquela bola pro gol, pois cada vez que revejo o lance, sinto como se estivesse dentro do estádio.

Pra encerrar minha lista (eu sei que esqueci de inúmeras outras lendas, peço desculpas), Sócrates. E bom, esse homem dispensa apresentações.

Eu continuo apenas na vontade de ser um camisa 8 (do passado, já que do presente, poucos me agradam), mas como ainda não aprendi a chutar uma bola, fico apenas na vontade e na arquibancada da pelada.

E você, qual é o seu camisa 8 inesquecível???

1 Comentário

  1. Alexandre Eibenbäume

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