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ODE AO POVO DE DIADEMA NO OUTONO DE LÁGRIMAS NO INAMAR

4 / maio / 2017

por Marcelo Mendez


Água Santa x Bragantino…

Essa é uma história que começa a partir de um terço de contas envolto nas mãos de Eunice, que em uma tarde de outono saiu de sua casa para orar em um campo de futebol.

No estádio do Inamar, ela não rezou por fortunas, milhões nem nenhum intuito que fosse nababesco. Eunice queria menos, quase nada ou bem pouco; Pedia por todos os santos de suas mais puras crenças, que todas as luzes do sagrado abençoassem o seu Água Santa para que conseguisse dois gols de diferença.

A história que essa matéria vai contar fugirá, portanto, do caminho das soluções fáceis que surgem quando se contam os fatos a partir da versão de quem vence. Aos vencedores meus parabéns. Ao Água Santa, a história…

A Volta da Caravana do Barato…

Era um jogo de futebol.

Após perder em Bragança por 1×0, o Água precisaria de dois gols para reverter a vantagem ou, senão, ir para a roleta russa dos pênaltis. Minha vida de repórter acompanhava isso tudo com certa distância até que um bocado de mensagens da torcida dos Aquáticos, torcida organizada do Água Santa, foram endereçadas ao Abcd Maior pedindo pela minha presença na cobertura do jogo. Me emocionou e me comoveu enormemente. Fui…

Ao contrário das outras vezes quando fomos para Bragança e Rio Claro, dessa vez a matéria não seria longe.

O jogo foi no Inamar lotado, em uma tarde indecisa entre fria e agradável. Fui então às arquibancadas de concreto do distrital da cidade para acompanhar a luta do Água rumo ao acesso da Série A do Campeonato Paulista.

Era a versão caseira da nossa Caravana do Barato de novo na pista…

A Chegada…

Na chegada na arquibancada teve até coro de boas vindas:

“Não adianta, o Bin Laden (Eu, no caso…) é Água Santa! Não Adianta, o Bin Laden é Água Santa”

Dei risada, abracei aos vários, reencontrei os amigos de aventuras passadas, Luan, Jefferson, Rafael, Caíque, Edi e foi tudo muito carinhoso, muito bom. Em meio à boa conversa, amendoins e outros mimos oferecidos a mim o jogo começa e então vêm as coisas mágicas que o exercício de torcer nos propicia.

Corações aos galopes, olhos vidrados, mãos juntas, os pagãos abraçados com os que creem, unidos pelo intuito mágico de querer ver a rede balançar. As coisas demoram, o primeiro tempo seguia duro até que aos 45 minutos do primeiro tempo, Willian Batoré empurra a bola para o fundo das redes.

Gol do Água Santa, festa dos meus amigos! E a vocês que me leem aqui vos afirmo:

Nada do mundo é mais divino do que sair de seu sofá, para sentar no chão de concreto de uma arquibancada dura, sentindo as tribunas balançando debaixo de seus pés. É o chão que treme de alegria na hora do gol! O momento maior da existência humana, o Gol!

O gol que vem, ou o que não vem, no meio da torcida Aquáticos, tudo é épico…

Adágio à Catarse…

O segundo tempo começa e tudo acontece.

O árbitro rompe os ligamentos do tornozelo e é preciso ser substituído. O jogo parado por vários minutos de um acréscimo que aumentaria a ansiedade dos meus amigos.

 Jefferson pula e canta, Eunice reza, Edi acompanha tenso, David me fala que seu coração está aos pulos, Michael diz que vai pular no campo pra ajudar fazer o gol restante, Tião quer me pagar uma cerveja, o frio chega, e o vento frio anuncia o veredicto final:

Vamos aos pênaltis. Os pênaltis…

O Que Será, Que Será…

“O que não tem certeza nem nunca terá…”


Jogadores do Bragantino comemoram

Dessa coisa cruel e espartana que são as disputas de pênalti, segue o relicário do que o futebol não pode explicar. E por alguma razão que eu e vocês não entenderemos, o Água Santa é derrotado por 5×3 e o Bragantino consegue o acesso.

Não vieram os gols que Eunice tanto quis, não teve foguetório, as lágrimas desciam pelos rostos nas arquibancadas do Estádio Inamar, enquanto os jogadores rivais faziam sua justa festa no campo.

Assistindo em silêncio, andando pelos corredores rumo a saída, meus amigos viam a tudo e não viam nada. Vem então a dura realidade que norteia o futebol, mas o que fica disso tudo? Falamos aqui de derrotados?

Jamais.

Na tarde da terça feira em Diadema, o que levou meus amigos todos por lá não foi nada além da paixão. Da ousadia que tem essas pessoas especiais e elevadas, lindas de espírito, que em tempos de cólera, ousam amar. Porque assim é a vida:

Só é feliz, quem se joga nela e ama.

Os torcedores do Água Santa amaram. Portanto, fiquem tranquilos meus caros; É assim mesmo dói, mas já já vocês superam isso e voltam a sorrir. Por favor, voltem:

O futebol não faz o menor sentido sem o sorriso de vocês.

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