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O PULSO AINDA PULSA

29 / junho / 2018

por Mateus Ribeiro

A música “O pulso ainda pulsa” é um dos grandes sucessos dos Titãs, uma das maiores e mais importantes bandas do rock nacional. A letra da canção, lançada no final dos anos 80, enumera uma quantidade gigantesca de enfermidades, mas no final de toda estrofe, relembra que existe esperança, através do verso que nomeia a música.

Você deve estar se perguntando o motivo de eu começar um texto sobre futebol falando sobre música. Acredite se quiser, existe uma conexão com a seleção argentina de futebol. Dessa forma, digamos que o nome do texto poderia ser “El pulso todavía pulsa”, mas vamos deixar em português mesmo.

Antes de qualquer coisa, é importante ressaltar que em nenhum momento comparo os jogadores da seleção, ou qualquer outro profissional da AFA com as doenças citadas na canção, pois seria ofensivo. Minha intenção é mostrar que mesmo com todas as adversidades, a Argentina conseguiu se manter viva, e mostrar par aseu povo que ainda há esperança. Para quem não se lembra da música, basta clicar no link abaixo:

Todos devidamente apresentados, vamos lá.


A seleção da Argentina apresenta inúmeros problemas, e quem acompanha o mínimo de futebol sabe disso. Não é de hoje que os resultados não aparecem, ao contrário das decepções, que surgem com a mesma facilidade que Higuaín perde gols. Basta lembrar as duas edições da Copa América que foram perdidas para a tradicionalíssima seleção do Chile (que por sinal, nem para a Copa 2018 conseguiu se classificar). Isso pra não falar de algumas outras derrotas para Brasil, Uruguai, e alguns outros tropeços que foram pesados demais para os torcedores argentinos. A última (e talvez a pior) dessas cacetadas foi a derrota para a Alemanha na final da Copa de 2014. Ganhar o tri mundial no Brasil seria uma redenção para uma geração capitaneada por Messi. Seria. Pena que Gotze acabou com o sonho.

De qualquer forma, ser finalista de um Mundial poderia servir de incentivo. O ponto chave é que depois da final da Copa, um caminhão de desgraça estacionou na garagem dos hermanos, e parece que não tem hora pra sair. Além das já citadas derrotas para o Chile, a classificação para a Copa 2018 foi um trabalho de Hércules. Além da habitual bagunça proporcionada pela cartolagem argentina (que deve ter estudado junto da cartolagem tupiniquim), treinadores foram contratados e demitidos durante as eliminatórias, jogadores de qualidade duvidosa foram convocados, e em nenhum momento, a Argentina passou perto de ter um time apresentável. A sorte dos nossos vizinhos é que na última rodada, quando o boi já estava com três patas atoladas, Messi decidiu, e colocou a Albiceleste na Copa. A pulga mostrou que o pulso ainda pulsava.

Enfim, a Copa chegou. E logo na primeira rodada, um empate inesperado diante da Islândia. Dúvidas sobre a capacidade técnica do time começaram a pipocar. E essas dúvidas quase se tornaram certezas depois da sapatada aplicada pela Croácia. Depois dos 3 a 0, Messi não prestava mais. Sampaoli já não era mais o salvador da Pátria (nunca foi, aliás, apesar do amor que a imprensa brasileira nutre pelo cover de Marcelo Bielsa). A eliminação estava por um fio.


E a vergonha absoluta de ser eliminada na primeira fase não foi concretizada por minutos. No final do jogo, Rojo usou sua perna direita para tirar a Argentina do vermelho.

O drama argentino estava acabado. Maradona estava (ainda deve estar) alucinado. Messi acordou. Sampaoli continua contestado, porém, está aliviado. Mascherano, um dos pilares da equipe, teve sua pele salva, já que seus erros quase custaram a vida da Argentina na Copa. Apesar de todas as adversidades, o pulso ainda pulsa.

Agora, a Argentina pega a França. Teoricamente, os franceses são favoritos. Mas não se pode subestimar os argentinos. Nunca, em hipótese alguma. Até porque não é novidade para eles chegarem tropeçando nas fases finais. Podem perder e voltar pra casa. Mas também podem ganhar e embalar. Afinal, enquanto há vida, há esperança. E apesar de parecer o contrário, existe muita vida ali. Apesar da dificuldade, o pulso ainda pulsa.

Mesmo com toda a bagunça administrativa, mesmo com um treinador que está longe de ser unanimidade, mesmo com alguns jogadores contestados, mesmo com uma bagunça tática gigantesca, a Argentina está nas oitavas de final. E todo o cuidado do mundo é pouco quando se trata da Argentina.

Talvez, Messi enfim encarne o espírito de Maradona em 1986, e leve o time nas costas. Talvez, tal qual em 1990, a Argentina chegue ganhando aqui, empatando ali, e batendo pênaltis acolá.

O cenário do drama está montado. E tudo pode acontecer. Afinal, estamos falando de futebol, e da Argentina. El pulso todavía pulsa.

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