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A LUA DE MEL

12 / abril / 2018

por Sergio Pugliese


Leo e Carla cantarolavam no carro em direção a Ilhabela. Enquanto ele dirigia ela alisava seus cabelos e massageava sua nuca com a ponta dos dedos. Leo era um arrepio só! A estrada era o esquenta para os seis dias de lua de mel. Três anos de namoro, casamento na Igreja Santa Margarida Maria, na Lagoa, e no dia seguinte pousada em Ilhabela, um sonho dourado de Carla.

– Enfim, sós! – suspirou ela enquanto admirava a paisagem.

Leo estava realizado. Mas achava que três dias em Ilhabela resolveriam a questão. Tudo bem, quem era ele para contrariar sua amada. E foi entrar no quarto para Carla mostrar que lua de mel é lua de mel, nada de perder tempo. Mas Leozão estava relaxado, feliz da vida, e foram horas de intenso amor. Para o cartão de visitas estava ótimo! Mas assim que saiu do banho, certo de ter cumprido sua missão com louvor, lá estava ela, linda, provocante, pronta para começar tudo de novo. Leo vivia um grande momento, jogou a toalha para o alto e não decepcionou. 

No segundo dia à noite Leo havia emagrecido mais do que 20 dias num spa. No almoço do dia seguinte, com as olheiras fundas, se abastecia de proteínas e carboidratos enquanto Carla acariciava sua perna por baixo da mesa. Nesse momento, ouviu um som familiar, música para seus ouvidos: uma bola quicando. De antena ligada captou o grupo da mesa ao lado combinando uma pelada entre os funcionários da pousada e o time da região vizinha. Leo aguou….e foi para o quarto sonhando com a bola rolando num gramado verdinho.

No quarto, mais amor! E Leo, garoto bom, Kama Sutra Futebol Clube, foi arrasador e deixou sua amada desmaiada em berço esplêndido. Se arrastando conseguiu alcançar a janela. Buscava fôlego e apreciava a natureza exuberante do jardim da pousada quando foi despertado por um rapaz, o mesmo do grupo do restaurante.

– Joga bola, amigo?

Que pergunta!!! Leo era sempre o primeiro a ser escolhido em qualquer pelada do planeta! Quando trabalhava no Bradesco, da Saens Pena, foi promovido a gerente às pressas só para poder participar do campeonato entre agências. Não foi profissional por opção e sua resposta não poderia ser outra.

– Lógico!!! – respondeu baixo para não acordar Carla.

– Está faltando um no time da pousada.

Em cinco minutos Leo estava lá. Deixou um bilhete para a mulher dizendo que resolveria um problema na recepção, vestiu short, camiseta e se mandou. Leo mostrou um vigor impressionante e acabou com o jogo. Fez os quatro gols da vitória de 4×3 e saiu aplaudido. Na volta, tomou uma ducha, guardou a roupa suja na mala do carro e entrou novinho em folha pela janela. Carla tomava banho. Preferiu omitir porque ela sempre foi contra suas peladas. Carla nem desconfiou. Mas à noite precisou lançar a manjada desculpa da dor de cabeça para manter Carla menos fogosa.

No fim da estadia, os dois foram pagar a conta.

– Sai a dolorosa! – brincou Leo. 

Foi quando surgiu o dono da pousada, seu parceiro de ataque na pelada.

– A conta total seria três mil, mas pelos quatro gols que fez sai pela metade.

Leo ainda tentou sinalizar para evitar o assunto, mas Carla foi mais rápida.

– Que quatro gols foram esses?

– Calma que eu explico….

Carla se divertiu com a história, afinal a atuação de Leozinho fora das quatro linhas também havia sido impecável. Na volta de viagem, o mesmo cafuné na nuca enquanto Leo dirigia. Ele, em silêncio, pensava: “Leozinho, você é o cara!!!”.

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