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A LIRA DOS 16 ANOS. DE QUANDO SURGE O AMOR EM PALESTRA ITÁLIA

17 / setembro / 2018

por Marcelo Mendez


Era um tempo de menino na minha vida.

Aos oito anos de idade, eu tinha como única preocupação, o campeonato de fubecas que acontecia no quintal da minha tia Marieta. Fubeca, que no mundo por aí a fora chamam de “bolinhas de gude”. Não…

No Parque Novo Oratório em 1978, o nome era fubeca. Uma, entre tantas outras peculiaridades da vida nossa, naquele bucólico e prosaico bairro da Cidade de Santo André. Ali começava a minha vida.

Rua de terra, bola de capotão numero 5, kichute no pé, todos os sonhos na cabeça. No rachão do “Larguinho”, onde se davam nossas batalhas épicas, a minha camisa já era verde, o número das costas já era o 10, o qual eu já havia sido ensinado que pertencia ao Divino Ademir Da Guia e o escudo que ia do lado esquerdo do meu peito…

Palmeiras.

Do lado esquerdo do meu peito, de dentro da minha alma, ainda que eu tentasse fazer diferente não seria possível. Antes de descobrir e ser qualquer coisa na vida, eu já era Palmeirense. E ainda que não soubesse disso, sem duvida, já sentia isso fortemente. E 1978 foi fundamental para que tudo isso se consolidasse.

– Filho, tenho uma coisa boa pra você; Domingo vamos na casa do Landau ver a final na TV em cores!!

– Aeeee!!! – Respondi ao pai, vibrando. Foi ali, que começaria uma história que duraria 16 anos…

Um Vice no Banco de um Landau


A semana não havia sido boa para o Palmeiras.

Além da derrota em casa na primeira partida da decisão do Campeonato Brasileiro para o ótimo time do Guarani, o nosso Verde não teria o goleiro Leão e tinha que vencer o Bugre dentro de Campinas. Mesmo assim, meu Pai manteve a esperança e a palavra. Quando o domingo chegou, fomos até a casa do Landau.

Um dia frio.

Era Agosto de 1978, a Copa do Mundo havia acabado de maneira frustrante e estranha, as pessoas ainda ruminavam aquela patacoada da armação Peru/Argentina para eliminar o Brasil e na volta, um Campeonato Brasileiro foi disputado e agora chegou ao fim. Na vida dos Palmeirenses, algo corriqueiro.

O Palmeiras teve uma década de 70 gloriosa e podia fechá-la com chave de ouro. Mas ali não se jogava a vida. O nosso Verde havia sido campeão dois anos antes em 1976, o torcedor da época tinha uma certa barriga cheia e talvez por isso, outras coisas me importavam naquele domingo. O Landau, por exemplo.

Era amigo do Velho, trabalhava como Ferramenteiro na Scania e o apelido se dava por conta de ele ter um carro homônimo, um Landau Branco 1975, tinindo. Chegando na sua casa, na Vila Lucinda, poucos quilômetros da nossa, ele nos recebeu, me abraçou e me disse que o carro estava aberto. Corri para lá e, no banco do motorista, comecei a me imaginar um Fittipaldi.

Brincava ali como brincam os meninos, como se faz quando é menino. Pouco me importei com o tempo, esqueci completamente do jogo que ali começaria e enquanto o Palmeiras levava gol do Guarani, eu pouco sofria.


Em 1978, derrota não era a regra no Palmeiras. A sensação que tínhamos é que em breve isso passaria, que tão logo começasse os campeonatos, venceríamos como sempre acontecia.

Mas não foi assim.

E para contar como foi, começa aqui a série em 16 Crônicas que contará a história dos anos mais duros da história do Palmeiras. Da escassez que fez florir as mais belas flores no jardim suspenso do saudoso Parque Antártica. Vamos falar da Fila, mas também vamos falar dos sonhos.

Do amor que surge no peito de uma geração de Palmeirenses esculpida a machadadas. De uma Geração que teve seu amor se consolidando na fase de miséria ludopédica, plena.

Geração esta, o qual esse Cronista orgulhosamente fez parte.

Venham comigo amigos, começa aqui “A Lira dos 16 Anos Verdes”

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