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RECEITA DE GOL

texto: Sergio Pugliese | vídeo: Guillermo Planel | foto: Guilherme Careca Meireles

Há tempos o Museu vinha tentando uma entrevista com Roberto Dinamite. Mas o maior ídolo da história andava recluso, acuado. Chegou a ficar um mês sem sair de casa, duelando contra a depressão. Com os rebaixamentos do Vasco para a Segunda Divisão a carreira política também desandou. Dinamite silenciou, sumiu, chorou. Mas a nossa intenção era apenas ouvi-lo, nunca colocá-lo contra a parede, assim como também não colocaríamos Eurico Miranda, seu inimigo declarado e também idolatrado por grande parte da torcida vascaína. Os dois viveram momentos de glórias, os dois mergulharam no caos. O Museu eterniza as glórias. 

– Topo falar hoje. Onde está?

Eu estava em casa, em São Conrado, e ele deixando a mulher no Leblon. Quando disse que viria a meu encontro, gelei. Sou vascaíno e ele, apenas ele, me ensinou a gritar aquele gol das entranhas do peito. No futebol, nunca tive outro ídolo como ele. “O Dinamite vem aí!!!”, berrei. Minha mulher, Sílvia, produtora do Museu, também vascaína, duvidou e ao mesmo tempo perguntou quem o fotografaria e gravaria a entrevista. Começamos a convocação!!!!

– Chego em duas horas – ligou Dinamite, para confirmar.

Meus filhos Rapha, tricolor, e Fred, vascaíno, acordaram e foram avisados sobre a visita. Ficaram eufóricos. Gêmeos de 12 anos não acompanharam a trajetória do craque vascaíno, mas expliquei que seria mais ou menos como se o Messi, aposentado, visitasse a casa de um torcedor do Barcelona. Liguei para o meu amigo PC Caju e perguntei se ele toparia papear com o Dinamite, parceiro de longa data.

– O Bombinha vai para aí? Estou indo!!!! – respondeu.

Ligamos desesperadamente para a equipe do Museu. A designer Izabel estava longe, num programa familiar inadiável. O fotógrafo Marcelo Tabach também, mas tentaria ir. Para conseguir atrair Guillermo Planel, vídeo, Guilherme Careca Meireles, foto, e André Teixeira, texto, apelei e disse que estava preparando um churrasquinho e havia estoque de cerveja gelada a espera deles. Em meia hora os três chegaram, poucos minutos antes de Caju e Dinamite. A partir daí foi só emoção. A maior delas quando os dois astros adaptaram copos, carteiras e isqueiros, sobre a mesa, para mostrar como faziam seus gols de faltas. Histórico!

– Fui feliz além da conta no Vasco! – resumiu.

E o papo rolou, divertido, nostálgico. Tabach chegou quando Dinamite se despedia, mas topou dar mais um tempinho e ser clicado. Peguei uma camisa do Vascão no armário. Uma camisa para o Dinamite, quem diria! Ah, Museu, assim você me mata!!!!