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O VOLANTE DA DEMOCRACIA

entrevista: Paulo Escobar | texto: André Mendonça | fotos e vídeo: Daniel Planel 

Muito antes do jogador que hoje atua no Barcelona e na Seleção Brasileira, um outro volante Paulinho era idolatrado pela torcida do Corinthians. Através do parceiro Paulo Escobar, o Museu da Pelada foi até São Paulo encontrar o ex-jogador para relembrar sua carreira.

Casagrande e Sócrates; Paulinho, Zenon e Biro-Biro

Formado nas divisões de base do Náutico, onde deu os primeiros chutes com 10 anos de idade, Paulinho chegou a seleção sub-20 e quis trocar de ares após vestir a amarelinha. Exprimiu seu desejo ao treinador Roberto Brida, a quem é muito grato, e se transferiu para o Corinthians no início da década de 80, conquistando dois títulos estaduais e participando ativamente da Democracia Corinthiana.

– As pessoas pensam que a Democracia era um tipo de bagunça, mas não era nada disso. A Democracia permitia que o jogador opinasse na contratação de um treinador, de um jogador… O grupo do Corinthians era maravilhoso, todos tinham amizade, então por isso era uma democracia. Mas havia uma cobrança interna forte em caso de derrota.

Inicialmente, a transferência do Náutico para o Corinthians assustou. Ainda garoto, Paulinho trocou o conforto da casa dos pais e uma titularidade absoluta por um lugar em que sempre ouviu falar mal e haveria forte concorrência.

Se não contava com a habilidade de um Rivellino, por exemplo, o volante compensava com uma raça muito além do normal, característica muito admirada pela torcida alvinegra. Dessa forma, não demorou a cair no gosto da Fiel e garantiu a titularidade ao lado de jogadores que idolatrava. 

– Quando eu entrei no vestiário me deparei com Zé Maria, Wladimir, Caçapava, Basílio… Todos muito humildes! Eu gostava de colecionar álbum e tinha figurinhas deles! – lembrou.

Outra fator que impressionou vinha da arquibancada:

Campeão de 1983. Em pé: Leão, Sócrates, Casagrande, Eduardo, Biro-Biro e Zenon; Agachados: Mauro, Alfinete, Paulinho, Juninho e Wladimir.

– A torcida do Corinthians é uma coisa fenomenal. Só quem jogou ali saber dizer. Quando time está em boa fase, ganhando, você é impulsionado a correr.

Vale lembrar que naquela época o futebol brasileiro vivia sua época de ouro, com uma pluralidade de craques que atormentavam a vida dos marcadores. Ao ser perguntado sobre qual era o jogador mais difícil de se marcar, Paulinho não titubeou:

– O que mais me deu trabalho foi um tal Zico! – brincou.

Em 1985, seu ciclo no Timão chegou ao fim e ele tomou mais uma decisão corajosa: trocou o alvinegro pelo rival Palmeiras. A transferência, obviamente, não foi muito bem vista e Paulinho teve que se desdobrar para ser respeitado. O maior feito foi ajudar o Verdão a chegar na decisão do Paulista, mas foi derrotado para a Inter de Limeira.

Depois do Palmeiras, vestiu a camisa do Novorizontino e de outros clubes do interior de São Paulo. Assim que pendurou as chuteiras, decidiu abrir a Escolinha do Paulinho para passar um pouco da sua experiência para os garotos e, quem sabe, formar novos talentos.