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PELADA NA VEIA

entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | vídeo e edição: Daniel Planel

Nas postagens diárias que fazemos no Facebook do Museu da Pelada, fomos surpreendidos com um comentário de Ozires Paiva e, ao saber que era mesmo o lendário zagueiro do Cruzeiro, imediatamente entramos em contato para marcar aquele papo descontraído. Embora tenha demorado a acontecer, por uma série de compromissos, o encontro foi mais do que especial e o ex-jogador relembrou grandes momentos da carreira no aconchegante Zeca Bar.

– Eu era apaixonado por pelada, por isso eu sempre quis dar uma entrevista para o Museu. Tem tudo a ver com minha carreira!

O vício por futebol, como na maioria dos casos, começou na infância. Com 11 anos, jogava peladas no Jardim Botânico e, posteriormente, passou a jogar salão no Carioca e futebol de praia no Royal, da Cruzada São Sebastião, ao lado de Adílio. Ou seja, um verdadeiro fominha, que só queria se divertir com a bola nos pés.

O esporte deixou de ser brincadeira quando foi chamado para fazer um teste no Botafogo e foi aprovado por ninguém menos que Neca, o olheiro que dificilmente se equivocava na avaliação dos garotos e que descobriu muitos talentos do futebol brasileiro.

Depois do Botafogo, se transferiu para o River-PI em 1972, onde foi campeão estadual e despertou o interesse do Fortaleza. Com sede de títulos, foi bicampeão cearense e após uma bela atuação contra o Cruzeiro desembarcou na Toca da Raposa para jogar em um time que encantava o Brasil e o mundo.

– No Cruzeiro eu fiz a minha história. Fui campeão da Libertadores, bicampeão mineiro, vice mundial e ainda tive a oportunidade de jogar ao lado daquelas feras: Dirceu Lopes, Palhinha, Joãozinho…

A missão de Ozires não era nada fácil. O novo reforço seria responsável por substituir o argentino Perfumo, ídolo da torcida celeste. Como havia sido indicado por Zezé Moreira, os companheiros, sobretudo Fontana, trataram de tirar essa responsabilidade do garoto, que tirou de letra o desafio.

Uma lesão no joelho, no entanto, atrapalhou sua passagem pelo clube de Minas Gerais. Sem muito aparato tecnológico na época, realizou uma cirurgia e foi obrigado a parar por um ano. Após muitas sessões de fisioterapia e pouquíssimas oportunidades em campo, foi emprestado para o Bahia, onde arrebentou, foi campeão e retornou com moral para a equipe celeste.

– Os treinadores que chegavam ao Cruzeiro e não me conheciam não me colocavam, pois achavam que eu não teria condições por causa da lesão. Depois do Bahia, arrebentei no Operário também. Rodei em vários clubes do futebol brasileiro e tive êxito em todos eles.

Foi no Nordeste, aliás, que Ozires adotou um novo visual. Segundo ele, quando chegou ao barbeiro para realizar o seu tradicional corte, foi alertado pelo dono do estabelecimento:

– Você tem muita cara de bonzinho para zagueiro e aqui a porrada come! Deixa a barba e o cabelo crescerem!

– É mesmo? Então vou fazer um estilo cangaceiro! – rebateu o bem-humorado Ozires.

No fim da resenha, se dedicou a relembrar causos divertidíssimos de sua carreira e arrancou gargalhadas da equipe do Museu!